4.º ano: Uma em cada dez escolas do privado teve 4 nos exames nacionais

Públicos têm maior diferença entre notas internas e dos exames.

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Nelson Garrido

Apenas 11% das 4441 escolas que levaram alunos a exames do 4.º ano são do sistema privado. Destas, numa em cada dez, os estudantes conseguiram uma média de 4 (numa escala de 1 a 5) nas provas de Português e Matemática.

A que ficou em primeira posição na lista feita a partir das médias dos exames foi a Escola São Francisco Xavier, em Lisboa, onde quatro alunos obtiveram a média de 4,88. A primeira pública está em 3.º lugar, é a básica de Tuberais, em Cinfães, onde três alunos conquistaram a média de 4,50. Tendo em conta as escolas com mais de 50 provas realizadas, a 1.ª posição é do Externato Escravas do Sagrado Coração de Jesus, no Porto (4,46); e a primeira pública surge em 16.º , é a básica n.º 1 de Santa Maria da Feira, em Aveiro.

No privado, 98% das escolas tem positiva nos exames (dos 2,50 até aos 4,88). Quanto ao público, 88% obtém mais de 2,50 e não chega ao 1% as escolas cujos alunos conseguem 4 ou mais de média.

Quanto à diferença entre notas internas e externas, ou seja, aquelas cujos alunos tiveram no final do ano e a dos exames, são as públicas que atribuem notas internas mais altas e não as privadas – apenas 2,8% das escolas públicas dão notas abaixo das conseguidas nos exames; no privado são 6,6%.

Não se pode comparar público e privado, diz Fátima Simas, directora-pedagógica da Escola São Francisco Xavier, em Lisboa. Os seus alunos são filhos de médicos, advogados e professores; “são crianças que gostam de aprender”, resume. Já Maria Manuela Rico não sabe o que é isso, pois os alunos da básica de Vila Fernando, Guarda – a que revela o pior resultado nacional –, são “desinteressados” e “têm algumas dificuldades”. O ano passado, quando a professora chegou à pequena escola de aldeia, deparou-se com nove alunos do 1.º ao 4.º ano, neste último tinha apenas uma menina que “foi transitando, sem ter atingido as competências”. A docente trabalhou intensamente com esta aluna, os intervalos eram passados na sala de aula. “Ela tem capacidades, mas não trabalha”, desabafa. Os pais têm pouca escolaridade, “em casa não há ninguém que a acompanhe”, continua. Apesar de todo o esforço feito, a média foi de 1 e a criança chumbou. Este ano há-de voltar a ser submetida às provas de Português e Matemática, ela e outra colega, e a professora teme que os resultados se repitam.

Na São Francisco Xavier as turmas fazem-se com 18 alunos, não mais, todos do mesmo ano de escolaridade. Este ano, na básica de Vila Fernando são 12, dos vários anos, todos na mesma sala. “É muito complicado quando o grupo todo necessita de apoio individual e constante. Chega-se ao final do dia e não se consegue fazer metade do que se planeou. É muito esgotante”, confessa Maria Manuela Rico. Uma escola maior não seria melhor para estes alunos? O centro escolar fica a 13 quilómetros da freguesia, além disso, “os que têm mais dificuldades, perder-se-iam”, vaticina a professora para quem a solução será “ter mais um professor para apoio”.

A escola com mais de 50 provas que fica na última posição do ranking 2 é a básica de Setúbal do agrupamento da Ordem de Sant’Iago. Ao sabê-lo, o director Pedro Florêncio pergunta se “é mesmo a última”. Não, há outras mas com menos exames. Suspira de alívio e pede os resultados dos outros anos, afinal o agrupamento de 2200 alunos leva-os a exame no final de todos os ciclos. No concelho de Setúbal, o agrupamento que é um Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), não fica em último. “Sabe o que é um TEIP ficar à frente das escolas do centro da cidade?”, congratula-se o director, satisfeito com o trabalho feito. “Desde 2000 que estamos a trabalhar para a melhoria dos resultados. Estamos a trabalhar bem, estamos a fazer milagres”, responde, exclamando um “que maravilha”, antes de desligar, ansioso por contar a boa nova aos colegas.

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