Maioria das grávidas de Elvas escolhe ir ter bebés a Badajoz

A pouca distância e o acesso a cuidados especializados em saúde materno-infantil definem a escolha das mulheres

"Não foi uma surpresa", diz o porta-voz do Hospital de Elvas, Rui Cambóias. Quase três meses depois do encerramento da maternidade alentejana, a esmagadora maioria das grávidas da cidade escolheu Badajoz como local para ter os seus bebés: foram 53, em contraste com cinco partos em Portalegre, a opção de maternidade portuguesa mais próxima.A distância é o primeiro factor determinante na escolha: Badajoz fica a dez quilómetros, Portalegre a 56 e Évora a 90 quilómetros, comenta Rui Cambóias, enfermeiro do Hospital Santa Luzia de Elvas e porta-voz da instituição. "Vão para Badajoz por causa da proximidade."
E "a satisfação é grande". O hospital materno-infantil da cidade espanhola, explica, "oferece as garantias e o patamar de qualidade de cuidados de saúde de um hospital especializado em obstetrícia e pediatria".
Feitas as contas, desde 12 de Junho (data do fecho de Elvas) até anteontem houve 53 partos do outro lado da fronteira; e um total de 171 consultas e idas à urgência, por problemas vários, como "sinais preocupantes de prematuridade, hemorragias, hipertensão", enuncia Rui Cambóias. Os internamentos de grávidas (que incluem os partos) foram 84.
Já em Portalegre, a opção portuguesa mais próxima, nasceram no mesmo período apenas cinco bebés de grávidas de Elvas. Em Évora foram nove.
Em 2005, tinha havido um total de 264 partos em Elvas; até ao encerramento em 2006 houve 142 nascimentos.

Mirandela e Amarante na lista de fechos
O ministro da Saúde, Correia Campos, anunciou em Março deste ano o encerramento de 16 maternidades por falta de condições de segurança. Fecharam os blocos dos hospitais de Barcelos, Santo Tirso, Oliveira de Azeméis e Elvas. Lamego, que vai ser integrado no futuro centro hospitalar da região, acabou por fechar por falta de pessoal e tem encaminhado as suas grávidas para Régua e Vila Real.
Os próximos encerramentos na lista, previstos até ao final do ano, são Mirandela, Amarante e a Figueira da Foz, confirma Jorge Branco, presidente da comissão de saúde materna e neonatal. Vila Franca de Xira e Cascais foram mantidos até haver capacidade de resposta nos blocos de parto de Lisboa, mas, com o novo edifício materno-infantil do Hospital de São Francisco de Xavier, na capital, "o processo de fecho de Cascais poderá ser acelerado", explica ainda.
O bloco de partos do Hospital de Torres Vedras vai manter-se até à conclusão de um estudo sobre planeamento hospitalar na região. Nos hospitais da Beira Interior, Guarda, Covilhã e Castelo Branco, recomendou-se a concentração, por consenso entre administrações e profissionais, o que terá de acontecer até ao final do ano. Embora estivesse na lista dos encerramentos, por existirem dificuldades de acessibilidade o bloco de Chaves fica aberto.

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