Há 50 anos, um professor irlandês criou um colégio americano

Em 1956, nasceu a única escola de ensino norte-americano em Portugal. Meio século depois,
dezenas de ex-alunos fizeram a festa e o PÚBLICO ouviu alguns.

Foi em 1956 que Anthony A. McKenna, um professor irlandês, a dar aulas no St. Julian"s School, no Estoril, decidiu fazer uma escola nova. Houve 16 famílias que o acompanharam nessa aventura e as primeiras instalações do St. Columban"s School foram num apartamento em Pedrouços. Ao longo dos tempos, a escola foi mudando de nome, assim como de instalações. Hoje está instalada no Linhó, Sintra, e chama-se Carlucci American International School of Lisbon (CAISL) e tem cerca de meio milhar de estudantes. O colégio internacional celebra 50 anos.McKenna optou pelo ensino norte-americano devido à conjuntura. "O professor apostou no aumento da colónia norte-americana por causa do crescimento do número de funcionários da embaixada dos EUA, em Lisboa, e das empresas que vinham construir a ponte sobre o Tejo", recorda Laszlo Hubay Cebrian, do grupo dos primeiros alunos da escola, hoje ligado à Fundação Escola Americana de Lisboa, detentora da CAISL.
Depois do apartamento de Pedrouços, onde nem sequer havia um sítio para brincar, a escola esteve dividida entre Carnaxide e o Estoril - entre 1963 e 1998 os mais velhos tinham aulas em Carnaxide, enquanto entre 1984 e 2000 os mais pequenos estavam no Estoril.
Por fim, os alunos voltaram todos a reunir-se no Linhó, onde a então primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, esteve simbolicamente a inaugurar as obras, em 1997, como testemunham várias fotografias e uma pá reluzente com a sua assinatura, expostas no átrio principal das novas instalações.

Português comolíngua estrangeira
A escola internacional recebe alunos desde os três anos até ao final do secundário, o ensino é reconhecido pelo Ministério da Educação português. O colégio tem ainda uma autorização de funcionamento dada pelo Departamento de Estado das Escolas no Estrangeiro [US Department of State, Office of Overseas Schools], dos EUA. Os alunos, 48 por cento são de nacionalidade portuguesa, 22 por cento são cidadãos dos EUA e qualquer um pode pedir equivalência para o ensino português.
Nos primeiros anos, para os alunos portugueses, o ensino da língua-mãe é obrigatório e o programa é muito semelhante ao desenvolvido nas escolas públicas e particulares e cooperativas. Mas o Português pode ser leccionado enquanto língua estrangeira ou como língua nativa.
Em qualquer altura do ano é possível fazer uma matrícula, mas o ideal, para garantir a vaga, é fazê-lo até Abril, avisa a directora, Blannie M. Curtis. A inscrição tem um custo de 470 euros e a frequência de uma criança entre os três e os quatro anos pode custar quase seis mil euros anuais, ao passo que um aluno do secundário paga perto de 14 mil por ano, sem contar com alimentação ou extensão de horário.
As propinas são caras, admite a directora, mas a "enorme qualidade do ensino assim o exige", justifica. A escola não quer ter mais do que 20 estudantes por turma, para não perder o acompanhamento individual que é a sua marca, acrescenta. "Se baixássemos as mensalidades, teríamos de ter mais alunos nas turmas", sublinha. O orçamento anual da CAISL é de 360 mil euros.

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