Utilizador (ou vítima) de um serviço

Qualquer pessoa que utilize “bens ou serviços, públicos ou privados”, é um “utente”, diz o dicionário. Mas, verdade verdadinha, não é qualquer pessoa que pode utilizar os “privados”, mesmo que ainda assim continue a ser um “utente”. E também pode acontecer que, ao querer usar os “públicos”, o “utilizador” seja informado de que estão em greve. Se já esperou três anos por uma consulta ou cirurgia, o “usuário” pode aguardar mais uns dias. 
Já os fornecedores de “bens e serviços” aos “utentes” podem ser privados e continuar a ser públicos, às vezes até em vários locais e ao mesmo tempo. Como alguns médicos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que estão a ser investigados pela Inspecção-Geral de Saúde pelo seu dom da ubiquidade. E esqueçamos por agora ligações a laboratórios ou prescrições indevidas.
Não se pode saber se foram “doutores” deste tipo que fizeram greve nos dias 8 e 9 de Julho em defesa do Serviço Nacional de Saúde, mas constou que ficaram garantidos os serviços aos “utentes” do privado. 
A Federação Nacional dos Médicos, que convocou o protesto, falou numa adesão de 70% a 90% a nível nacional, mas o Ministério da Saúde considerou estar-se perante uma “impossibilidade aritmética”, apontando para percentagens de 27% a 30%.
Estas diferenças de contagem pouco importam “àquele que usa ou que tem o direito de usar” um serviço. No caso, assistência médica. Mesmo com uma grande “probabilidade aritmética” de o “utente” entrar e sair do consultório sem que o médico chegue a olhar para a sua cara. 

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