Rafael Marques quer reabrir processo do "vice" de Angola

Despacho de arquivamento de inquérito diz que ainda estão em curso muitas perícias financeiras.

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Rafael Marques é o autor do livro Diamantes de Sangue Daniel Rocha

O jornalista e activista angolano Rafael Marques decidiu pedir a abertura da instrução do processo em que acusava o vice-presidente angolano e outras figuras do regime de branqueamento de capitais, e que foi recentemente arquiivado pela Procuradoria-Geral da República portuguesa.

"Há matéria indiciária para levar os suspeitos a julgamento e há matéria de direito que não foi respeitada", explicou o seu advogado, Duarte Teives, em declarações à Lusa. Foi com base nas suas denúncias e nas de um ex-embaixador daquele país, segundo as quais empresas portuguesas estariam a ser usadas por altos dirigentes angolanos para lavar dinheiro, que as autoridades portuguesas abriram um inquérito em que foram investigadas transacções financeiras levadas a cabo pelo vice-presidente Manuel Domingos Vicente e várias outras figuras do regime.

As insistências do seu advogado, Paulo Blanco, junto do Departamento Central de Investigação e Acção Penal para que a investigação terminasse não se fizeram esperar. Entre os argumentos usados figurava o cargo desempenhado por Manuel Vicente, que deveria dar-lhe direito a um tratamento diferenciado relativamente aos restantes suspeitos, mas também “o importante papel de Angola na recuperação da economia lusa”, e ainda o prejuízo que as denúncias estavam a causar “na captação de investimentos angolanos em Portugal”.

 O inquérito, em que figuravam também como suspeitos o governador da província de Kuando Kubango, Higino Lopes Carneiro, e ainda a empresa de telecomunicações Portmill , investigada por causa da origem do dinheiro com que comprou parte do BES Angola, acabou mesmo por ser arquivado há pouco mais de uma semana. O procurador encarregue do caso disse, no despacho de arquivamento, que a autonomia do Ministério Público e a independência do poder judicial “não são sinónimos de insensibilidade política, económica ou social”. Dizia, porém, no mesmo documento, que se encontra ainda a decorrer “grande volume de perícias financeiras” sobre as transacções alvo de denúncia.
 

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