Portugal começa a receber estudantes de doutoramento argelinos em Setembro

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Nuno Crato espera fortalecer laços entre instituições portuguesas e argelinas Miguel Manso

Portugal e Argélia assinaram nesta quinta-feira um memorando de entendimento para fomentar a colaboração no ensino e investigação, ao abrigo do qual 10 estudantes de doutoramento argelinos virão já em Setembro para instituições portuguesas.

"De acordo com as intenções da Argélia, o programa deverá desenvolver-se até chegar a uma centena (de alunos) por ano", disse à agência Lusa o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, no final de uma visita àquele país destinada a aprofundar os termos da colaboração abordada em Janeiro, quando recebeu em Portugal o homólogo argelino, Mohamed Mebarki.

O ministro adiantou que as despesas dos estudantes de doutoramento argelinos – alojamento, propinas e de utilização de laboratórios – serão assumidas pelo Governo argelino.

Nuno Crato iniciou na quarta-feira uma visita oficial à Argélia para o desenvolvimento de relações bilaterais nas áreas do ensino superior, investigação científica e desenvolvimento tecnológico, a convite do ministro argelino do Ensino Superior e da Investigação Científica.

O programa de cooperação que ficou estabelecido nesta quinta-feira passa ainda por identificar, em conjunto com as universidades portuguesas e os centros de investigação, um conjunto de áreas e de laboratórios de excelência em Portugal que sejam "do interesse da parte argelina", indicou Nuno Crato.

"Isto é muito importante porque a colaboração em programas doutorais estabelece colaborações para a vida dos cientistas e fortalece os laços entre as instituições portuguesas e argelinas", declarou.

Interesse em nanotecnologia e ciências biomédicas

Pretende-se também uma maior colaboração na área da nanotecnologia: "A Argélia solicitou também uma colaboração formal com o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, em Braga".

Até finais de Abril, princípio de Maio, será estudada a forma como a essa colaboração mais institucional pode ser feita, mas estão já identificadas áreas de interesse, tanto português como argelino, em aprofundar a cooperação.

No campo da nanotecnologia, áreas de materiais e tratamento de doenças estão entre as prioridades que deverão trazer cientistas argelinos a Portugal.

Na área das ciências biomédicas, há particular interesse no estudo do cancro de forma bilateral. "Aí também foram identificadas instituições e cientistas de parte a parte" para um trabalho de cooperação, que será aprofundado, referiu o ministro.

Está também contemplada a sismologia, considerada uma questão central. "Neste momento torna-se crucial perceber os movimentos tectónicos e os sinais sismográficos dos dois lados do Mediterrâneo", afirmou o ministro.

"A colaboração entre cientistas portugueses, espanhóis, franceses, argelinos e tunisinos é fundamental", disse Nuno Crato, segundo o qual esta colaboração ainda não está muito desenvolvida da parte argelina e através de Portugal vai conseguir-se que os cientistas argelinos participem nesse "esforço comum".

De acordo com o Ministério da Educação e Ciência, Nuno Crato deslocou-se à Argélia acompanhado por representantes do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico, do Laboratório Internacional de Nanotecnologia, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, da Universidade de Aveiro, da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Direcção Geral do Ensino Superior.

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