Pires de Lima: Portugal é um pouco “enfadonho” na política, o que é bom para os investidores

O governante diz que os portugueses “são um povo moderado, que demonstrou a sua enorme maturidade nestes últimos quatro anos” e que percebe “o que estará em causa em Outubro”, nas eleições legislativas.

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Pires de Lima diz que falta capacidade política ao Governo Rui Gaudencio

O ministro da Economia, Pires de Lima, defendeu nesta terça-feira em Madrid que "Portugal é um país politicamente previsível, até um bocadinho enfadonho do ponto de vista político", mas que isso é uma boa notícia para os investidores. O governante comentava os resultados das eleições em Espanha, afastando um cenário idêntico em Portugal e defendendo que o “castigo” sofrido pelo partido da maioria, o PP, se deve sobretudo aos casos de corrupção e não às políticas económicas que têm vindo a ser seguidas.

O governante afasta, assim, a possibilidade de a maioria PSD-CDS poder vir a sofrer o mesmo nas eleições legislativas que se avizinham em Portugal. "Acho que as circunstâncias são diferentes. Um dos temas que mais tem preocupado os espanhóis nos últimos anos é a falta de transparência - e até alguns casos de corrupção que foram conhecidos - o que contamina muito a confiança e dá espaço a discursos políticos se calhar um pouco populistas, demagógicos, mas alternativos", disse Pires de Lima, que é também um dos conselheiros nacionais do CDS-PP.

Para o ministro, Portugal não tem tido nos últimos anos "uma densidade e intensidade de casos [de corrupção] como em Espanha". "Aqueles que existem são conhecidos, estão identificados e a justiça está a fazer o seu caminho", afirmou, sem especificar quais os casos a que se refere. Por isso, defendeu, os resultados das eleições em Espanha devem-se sobretudo aos escândalos de corrupção e não às políticas económicas que têm vindo a ser seguidas: "Interpreto, em parte, os resultados das regionais aqui em Espanha mais como uma reserva ao comportamento em termos de seriedade e transparência de muitos políticos do que propriamente um castigo às políticas económicas que estão a ser seguidas e que, de facto, estão a trazer crescimento a Espanha, neste momento até superior ao que temos em Portugal", salientou.

Pires de Lima afirmou ainda que "Portugal é um país politicamente previsível, até um bocadinho enfadonho do ponto de vista político", mas contrapôs que isso é uma boa notícia para os investidores.

Por isso, frisou, "em Portugal o resultado eleitoral será [sempre] mais previsível" do que em Espanha: "O espaço político dos candidatos a primeiro-ministro é mais um espaço de moderação do que de radicalismo, embora o ambiente de picardia política seja muito intenso neste período".

O governante está, por estas razões, confiante de que o fenómeno político em Espanha não vai influenciar os portugueses. "Acho que os portugueses pensam pela sua própria cabeça. São um povo moderado que demonstrou a sua enorme maturidade nestes últimos quatro anos. Percebem o que estará em causa em Outubro e não prevejo nenhum crescimento de forças políticas que fragmentem de forma não desejável - impedindo até - a governação em Portugal depois de Outubro", afirmou.

Nas eleições municipais e autonómicas de domingo em Espanha, o PP foi o partido mais votado a nível nacional, mas perdeu todas as maiorias absolutas de que dispunha nas comunidades e em várias cidades chave, incluindo Madrid. O partido de Mariano Rajoy ficou assim vulnerável a acordos entre os partidos de esquerda em várias regiões estratégicas.

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