O escândalo que ficou suspenso

Enquanto procurava esclarecer os incumprimentos fiscais de Pedro Passos Coelho, o país esteve à beira de assistir a um dos episódios mais afrontosamente caricatos da história do fisco. Uma IPPS do Porto, O Coração da Cidade, esteve a um passo de ver penhorados não os seus bens (que os não tem), mas os alimentos que distribui por famílias carenciadas do Porto (e que, por sua vez, são doados por hipermercados para fins exclusivamente assistenciais). Só o facto de o caso ter sido alvo de notícia levou o Serviço de Finanças do Porto a suspender a ordem. Ora a penhora era para pagar coimas por portagens atrasadas (que a IPSS diz já ter pago) às concessionárias das ex-Scut, num processo mirabolante que seria aqui fastidioso explicar. O que teria sucedido, se não houvesse notícia e o fisco avançasse, inflexível? Teríamos um caso que faria história: tirar da boca dos pobres para sustentar estradas. E era caso para repetir: só neste país.

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