Notícia do número de manifestantes gera protestos, organização não comenta

Após o protesto de sábado em diversas cidades, a organização avançou com números a rondar os 800 mil manifestantes em Lisboa e milhão e meio em todo o país.

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Uma imagem dos protestos de sábado

A notícia do PÚBLICO sobre os números na manifestação deste sábado motivou protestos de vários leitores, tanto no site do jornal, como nas redes sociais.

O PÚBLICO calculou a área do Terreiro do Paço, da Rua Augusta, do Rossio, dos Restauradores e da faixa central da Avenida da Liberdade, em Lisboa, bem como a área da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade, no Porto.

Seguindo uma técnica usada frequentemente por especialistas e autoridades, apresentou, depois, vários cenários de ocupação dessas áreas, fazendo estimativas para densidades que iam de duas a quatro pessoas por metro quadrado. Uma das conclusões é a de que o Terreiro do Paço integralmente cheio, e com uma densidade de quatro manifestantes por metro quadrado (na qual os movimentos se tornam difíceis), comporta aproximadamente 176 mil pessoas.

Já no Porto, ao final da tarde, os agentes da PSP que estavam a acompanhar a manifestação falavam, em comunicações internas e de forma não oficial, em 40 mil a 50 mil participantes presentes, naquela hora, na Praça da Liberdade, ao fundo da Avenida dos Aliados. Os manifestantes, no entanto, estavam dispersos pela cidade.

Contactado neste domingo, o movimento Que se Lixe a Troika preferiu não comentar os cálculos feitos pelo PÚBLICO, nem explicar os valores a que chegou.

Ana Carla Gonçalves, fundadora desta entidade que organizou o protesto, falou em nome individual, porque a organização só fará o balanço durante a próxima semana. Sem querer entrar na “guerra de números”, esta professora de História de Arte, de 60 anos, reconhece que no movimento, actualmente com mais de 100 elementos, não há ninguém “profissional na contagem de manifestantes”. “No 15 de Setembro [de 2012], o outro protesto que organizámos, tivemos a ajuda de alguns polícias que iam em trabalho na cabeça da manifestação e nos foram dando números sobre a dimensão da manifestação. Isso não aconteceu desta vez”, afirma.

A professora adianta que o plenário de balanço apenas se concentrará em Lisboa. “Os outros protestos que correram o país não têm nada a ver connosco. Foram pessoas que nos contactaram a dizer que se queriam associar à nossa acção, que leram o nosso manifesto e quiseram aderir. Dissemos-lhe: ‘organizem os vossos protestos e divulgaremos os pontos de encontro na nossa página na Internet’”.  

Na sequência dos protestos de 15 de Setembro, o PÚBLICO tinha já abordado o problema da contagem de multidões. Na altura, a promotora de eventos Everything is New disse que, num grande concerto, define a lotação máxima como 2,8 pessoas por metro quadrado. No metropolitano, informou então o arquitecto Tiago Mota Saraiva, o valor é de quatro pessoas por metro quadrado. Já a organização tinha calculado na altura 3,5 pessoas por metro quadrado, acabando por reivindicar meio milhão de manifestantes.

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