No exame do 6.º ano houve pouca gramática e isso foi um alívio para os alunos

Cerca de 110 mil alunos do 6.º ano fizeram esta segunda-feira a prova nacional de Português. Se no 4.º ano as plantas dominaram a prova, no 6.º os protagonistas foram os animais.

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Sérgio Azenha

“Ah, ela vem sorridente”, diz, mais descansada, a mãe de Adelina. Vê a filha sair do portão da escola André Soares, em Braga, com cara de satisfação e pode finalmente deixar cair a preocupação com que a esperou na última meia hora. A estudante usou até ao fim os trinta minutos suplementares que tinha disponíveis para terminar o exame de Português do 6º ano. O “atraso” preocupou a mãe, mas não a filha, que garante não se ter sentido nervosa com a prova nacional.

Adelina até acha que o exame que ela e outros 100 mil estudantes do 6º ano fizeram esta segunda-feira teve efeitos positivos durante o ano lectivo: “Nos testes ao longo do ano sentimo-nos menos nervosos, porque sabemos que os exames vão ser mais exigentes. Isso acaba por ajudar a que tudo corra melhor”. Quando encontrou a mãe estava satisfeita com a forma como correu a prova nacional, que considera ter sido “mais fácil do que aquilo para que estava preparada”.

A percepção de que a prova era acessível é comum entre os vários colegas da escola. Há também unanimidade na explicação: a prova deste ano tinha poucas perguntas de gramática. É isso que sublinha Pedro Daniel, por exemplo. “A gramática é o mais difícil, mas tinha pouca coisa e acabou por tornar a prova menos complicada”, diz.

A meia hora suplementar que os estudantes podiam usar para acabar o exame não foi usada pela maioria dos alunos da escola André Soares. Para José Pedro esse é mais um sinal de que a prova “foi fácil”: “Até tive tempo para copiar as perguntas para logo à noite ir ao site do Gave confirmar as respostas”. Está confiante de que vai tirar boa nota e conseguir manter o nível 4 na disciplina.  Ainda assim, confessa que o primeiro impacto quando a campainha tocou e recebeu o enunciado, foi difícil. “Eram 16 páginas de teste. Quando peguei naquilo fiquei assustado, mas a maioria eram perguntas de escolha múltipla e tinha muito espaço em branco para a composição”.

Cumprir com os critérios do texto era algo que preocupava Tiago, mas conseguiu explorar em 200 palavras a ideia de um clube de amigos de animais que era pedida. À porta da escola, tinha o pai à sua espera. Mário Lopes está emigrado em França, mas prolongou a estadia em Portugal para passar o fim-de-semana com a família e aproveitou para ir levar e buscar o filho ao exame. Regressado a Braga em Janeiro, depois de quase quatro anos na escola francesa, está “a tentar recuperar” das dificuldades com explicações. “Estava cheio de dores de barriga”, conta o pai. “Agora já estou calmo”, responde o filho quando sai do portão da escola.

Adequar-se ao português da escola, corrigindo os erros da língua oral e da estadia em França, era a prioridade deste aluno. A obrigatoriedade de ser usada a nova grafia saída do Acordo Ortográfico – e que levou um grupo de cidadãos a apresentar uma providência cautelar, tentando evitar a sua aplicação nos exames deste ano, intenção recusada pelo Supremo Tribunal Administrativo – não o preocupava. Aliás, a maioria dos estudantes nem se lembrava desse pormenor no final do exame.

O grande medo de Isabella também tinha alguma coisa a ver com a língua. Chegou há um ano do Brasil e conhece um português bastante diferente. Na prova, teve que se concentrar a dobrar está confiante numa nota positiva a Português. “A Matemática é que quase de certeza que não”, desabafa. À porta da escola, há autocolantes colados nos postes de iluminação oferecendo explicações de matemática individualizadas a 5 euros a hora. E, poucos minutos depois do primeiro exame do ano, as cabeças dos estudantes começavam já a apontar para a prova que vem a seguir, já na quarta-feira.

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