Maria de Belém considera moção de rejeição um "exercício legítimo"

Candidata presidencial diz que os seus 40 anos de vida pública podem ser "escrutinados".

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Miguel Manso

A candidata presidencial Maria de Belém escusou-se a comentar a moção de rejeição do PSD - em coordenação com o CDS-PP - ao programa de Governo do PS, descrevendo-o somente como um exercício político legítimo.

"Os partidos políticos estão no exercício legítimo das suas competências", e uma moção de rejeição como a hoje anunciada denota uma "estratégia política" conduzida no âmbito da Assembleia da República, vincou a candidata.

Maria de Belém falava em Lisboa num almoço/debate com empresários organizado pela Fundação AIP e pela CIP (Confederação da Indústria Portuguesa).

Ressalvando que o país está normalizado, com o seu quadro institucional a funcionar de forma regular, Belém lamentou todavia o "clima de crispação entre agentes políticos, económicos e sociais", e lembrou que o Chefe de Estado deve ter um "papel moderador, de árbitro, de criação de paz entre os órgãos de soberania".

"Não andei 16 anos a comentar o que os outros faziam, dando numa semana umas bicadas a uns, e noutras umas bicadas a outros", disse depois, criticando diretamente o também candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa, por quem disse ter "apreço e estima pessoal" mas não possui, defendeu, o perfil para ser o "Presidente de todos os portugueses".

Vida pública pode ser escrutinada
Se chegar a Belém, Maria de Belém garante que actuará em defesa da Constituição. Num almoço com empresários, a candidata presidencial afirmou também que o seu passado de 40 anos de vida pública pode ser "claramente escrutinado". "Tudo o que fiz e como fiz pode ser claramente escrutinado", sublinhou, referindo-se aos "40 anos de vida pública e 20 anos de vida política" que tem na bagagem.

No seu trajecto até esta candidatura, Maria de Belém diz ter adquirido "maturidade" e "visão" de Portugal, e declarou ser uma "pessoa ponderada e serena", mas disposta a "tomar decisões firmes quando necessário".

"Cumprir e fazer cumprir a Constituição da República portuguesa é desde logo garantir que Portugal, tal como está definido na Constituição, vê preservados todos os seus valores identitários", vincou, acrescentando que enquanto candidata a Chefe de Estado não tem um programa de governo, antes "um programa fundamentalmente político-institucional".

Para Maria de Belém, a fase de pré-campanha e a futura campanha eleitoral devem servir para que o "perfil dos candidatos" seja analisado pelos cidadãos para que estes avaliem se os aspirantes à Presidência têm um perfil "ajustado ou não para o exercício dessas mesmas funções".

No lado do centro-direita, o candidato Marcelo de Sousa, lembrou, esteve ligado a Cavaco Silva e foi uma escolha do ainda Presidente para o Conselho de Estado, e, à esquerda, Maria de Belém diz que ainda não percebeu "muito bem" qual a área em que se situam outros candidatos, caso de Sampaio da Nóvoa, que aspira na sua primeira ida a votos ser eleito para o mais alto cargo da nação, lembrou a antiga presidente do PS.

Competitividade, gestão de fundos comunitários, energias alternativas, saúde, educação, estímulo ao investimento e criação de emprego foram algumas das matérias elencadas por Maria de Belém no contacto que manteve com dezenas de empresários.

Na ocasião, a candidata prometeu que, a vencer o sufrágio de 24 de Janeiro, reiterou que será uma Presidente "cooperante com o que tenha a ver com a concretização em ação dos princípios e valores consagrados na Constituição da República portuguesa".

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