Louçã, Semedo e Pureza defendem nova corrente para o BE: o socialismo

Autores da proposta consideram que percurso das "correntes originais”, UDP, PSR e Política XXI, está “esgotado e encerrado”. Documento foi apresentado há algumas semanas e tem agora nova versão, com "arestas limadas".

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Louça, Semedo e Pureza propõem nova fase para o BE Rui Gaudêncio

Os bloquistas Francisco Louçã, João Semedo e José Manuel Pureza defendem o fim das correntes originais do Bloco de Esquerda (BE) e a criação do “socialismo”, uma nova corrente que propõem fundar numa conferência nacional, em Abril.

As propostas de Louçã, ex-coordenador do BE, Semedo, actual líder (com Catarina Martins), e de Pureza, antigo líder parlamentar, constam de um texto de dez páginas.

Louçã, Semedo e Pureza apelam à participação de todos os bloquistas na “maior renovação da vida interna do BE” e apontam dois objectivos da nova corrente: “Concentrar energias num trabalho comum para a estratégia socialista e aprofundar uma reflexão ideológica empenhada e construtiva.” O documento é uma segunda versão, já com “arestas limadas”, de um texto finalizado pelos três bloquistas no fim de 2012 e que foi apresentado pela primeira vez ao partido há algumas semanas.

No documento, os três membros da mesa nacional do BE consideram que “o percurso das correntes originais”, UDP, PSR e Política XXI, está “esgotado e encerrado”. O BE foi fundado em 1999 por Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas e através da aproximação da UDP, do PSR e da Política XXI, três partidos hoje sob a forma de associações políticas e que representam as correntes fundadoras do actual partido.

Não há substituição
Os três dirigentes sublinham que esta nova plataforma “não substitui, nem se sobrepõe aos organismos eleitos pela convenção ou por outras assembleias estatutárias do BE". Por isso, acrescentam, "não pilota a acção dos eleitos nessas direcções nem dos activistas”.

Para lançar a corrente “socialismo”, Louçã, Semedo e Pureza propõem uma conferência fundadora a realizar em Abril. “A partir de então, uma conferência anual elegerá uma estrutura de coordenação paritária entre homens e mulheres e que votará um texto de orientação”, defendem.

Para preparar essa conferência, querem assembleias locais, “abertas aos membros do BE”, com “propostas de grandes opções estratégicas” a “apresentar à consideração de todo o movimento”.

“A afirmação do BE como direcção colectiva teria alcançado um nível superior de articulação, se os seus fundadores já tivessem criado entre si um novo espaço que consolidasse o que quiseram que o BE representasse e que, portanto, superasse as correntes originais, realizando os seus objectivos”, advogam.

Os três dirigentes bloquistas sublinham, no entanto, que esta proposta de uma nova corrente “respeita as suas raízes” e que “sem elas [o partido] não teria chegado até aqui”.

“Os fundadores rejeitam a forma de coligação eleitoral ou de frente, porque escolheram criar um novo partido em que se juntaram todos os que quiseram fazer o movimento que é o BE (...). Esse sucesso é o nosso património colectivo e não tem paralelo na história política moderna de Portugal”, pode ler-se.
 
 

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