Investigação ao desaparecimento de Maddie prejudicada por disputa entre polícias britânicas

Conclusão consta de relatório do Ministério da Administração Interna inglês.

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Menina inglesa desapareceu em Maio de 2007 Foto: AFP

A investigação em torno do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann foi prejudicada pela disputa entre as várias forças policiais britânicas que quiseram envolver-se no caso e mostrar trabalho, acabando por entrar em competição. Este facto prejudicou também a sua relação com as autoridades portuguesas que, no início, responderam de forma “caótica”, diz um relatório do Ministério da Administração Interna inglês noticiado pelo jornal britânico Guardian.

Jim Gamble, o ex-responsável pelo Centro de Protecção contra a Exploração Infantil e Protecção Online e autor deste relatório, diz que as relações com as autoridades portuguesas foram prejudicadas pela concorrência entre as forças policiais britânicas, que queriam por tudo estar envolvidas neste caso altamente mediático, o que levou mesmo a que os portugueses tenham dito aos britânicos que não podiam chegar a Portugal e agir como como se fossem “um poder colonial”. “Não tenho dúvidas que este estado de coisas prejudicou desde o início as relações com os portugueses, tendo efeitos negativos a longo prazo na investigação”, cita o jornal.

Poucas semanas depois do desaparecimento, em Maio de 2007, já todos tinham dado conselhos à polícia portuguesa, disse, desde a Scotland Yard, à National Police Improvement Agency e à organização que Gamble dirigia na altura, refere.

Neste relatório, que foi encomendado pelo antigo secretário de Estado da Administração Interna Alan Johnson em 2009 mas que nunca tinha vindo a público, diz-se que foi um erro pôr à frente da investigação uma polícia local, a de Leicestershire, por não estar preparada para lidar com um caso tão exigente. Gamble refere que a competição dava-se entre as chefias de polícia, tendo-se desenvolvido o que chama uma “arrogância organizativa” que foi muito prejudicial ao caso.

“Toda a gente teve boas intenções”, disse à Sky News, “mas ficou criado o caos e um espírito de competição com toda a gente a pôr a mão no ar a querer ajudar e, nalguns casos, a querer ser vista a querer ajudar”.

O Ministério da Administração recusou-se a comentar o relatório, dizendo que era um documento interno, respondendo apenas: “Continuamos empenhados na busca de Madeleine McCann."

Mas o documento não deixa de fora críticas às autoridades portuguesas, dizendo que a resposta inicial ao caso foi caótica, algo surpreendente para as autoridades britânicas: "Era-nos estranho, porque estamos habituados a um funcionamento mais estruturado por parte de uma força policial. Não havia um sentido de ordem”.

Gamble acredita que a investigação vai um dia chegar ao fim. “Alguém sabe o que se passou. Acredito firmemente que vamos descobrir o que se passou durante o meu tempo de vida. As relações e lealdades entre as pessoas mudam e vai haver uma altura em que alguém se vai chegar à frente”.

A 3 de Maio de 2007, Madeleine McCann desapareceu do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na praia da Luz, no Algarve.

A polícia britânica esteve novamente em Portugal em Julho, altura em que fez escavações no Algarve, sem, no entanto, detectar nenhum indício que ajudasse a desfazer o mistério.

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