Hobby? Forjar morte de famosos na Internet para denunciar mau jornalismo

Italiano Tommasso Debenedetti utiliza a rede social Twitter para lançar rumores de mortes de famosos que acabam por ir parar a alguns meios de comunicação.

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O Papa Bento XVI foi um dos visados pelos falsos tweets Vincenzo Pinto/AFP

Em apenas 140 caracteres, Tommasso Debenedetti já conseguiu “matar” vários famosos na rede social Twitter. Da escritora britânica JK Rowling ao Papa Bento XVI, este italiano diz que forja a morte de celebridades para denunciar o mau jornalismo que reproduz factos sem os confirmar.

Tommasso Debenedetti é jornalista freelancer e utiliza o Twitter, onde cada mensagem pode ter no máximo 140 caracteres, para anunciar a falsa morte de algumas figuras famosas. Fidel Castro, Mikhail Gorbachev, o Papa e JK Rowling foram alguns dos visados pelos rumores que chegaram a ser noticiados por alguns meios de comunicação social.

“A morte funciona bem no Twitter”, disse Tommasso Debenedetti numa entrevista à agência noticiosa AFP, acrescentando que “infelizmente, o jornalismo funciona em alta velocidade. Uma notícia falsa pode espalhar-se de uma forma acima do comum”. Uma realidade que o próprio conhece bem, já que publicou em pequenos jornais italianos entrevistas falsas a vários escritores famosos, que só vieram a público quando alguns jornalistas norte-americanos questionaram Philip Roth sobre as suas declarações anti-Obama, que afinal eram falsas.

Para o seu rumor mais recente, o italiano contou que criou uma conta falsa em nome do escritor John Le Carré, tendo anunciado na referida conta a morte da britânica JK Rowling, autora dos livros da saga Harry Potter. “Quando me apercebi que esta tinha 2500 seguidores, entre os quais jornalistas de grandes títulos britânicos, americanos e alemães, decidi fazer com que John Le Carré dissesse que JK Rowling tinha morrido num acidente”, acrescentou. Neste último caso, a mensagem foi replicada centenas de vezes e uma televisão chilena chegou mesmo a avançar a notícia como sendo certa.

O objectivo, reiterou Debenedetti, é mostrar que o Twitter se tornou numa agência de notícias global, que é “a menos confiável do mundo”. O italiano exemplifica que uma mensagem facilmente perde a sua fonte original a partir do momento em que é partilhada por pessoas com credibilidade. De tal forma que o porta-voz do Vaticano foi obrigado a desmentir a morte de Bento XVI na sequência de tweet falso do cardeal Tarcisio Bertone, o número dois da Santa Sé. E garante que a falsa morte do Presidente sírio Bashar al-Assad fez com que os preços do petróleo disparassem temporariamente.

Mas Debenedetti rejeita que as suas farsas prejudiquem os visados e garante que desmente tudo no espaço de uma hora: “Não faço isso senão com personalidades de primeiro plano que levam a que tudo seja desmentido muito rapidamente. Jamais anunciarei a morte de um escritor de segundo plano ou da minha vizinha".

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