Liga dos Bombeiros espera auditoria "expedita" às contas da Escola Nacional

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, aplaude a auditoria pedida pelo Ministério da Administração Interna.

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Auditores vão passar a pente fino as contas dos últimos dez anos Laura Haanpaa/Arquivo

O Ministério da Administração Interna mandou auditar as contas da Escola Nacional de Bombeiros referentes aos últimos dez anos. A notícia, avançada neste sábado pela Antena1 e confirmada ao PÚBLICO pela assessora do MAI, agrada ao presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, que aponta problemas na gestão daquela entidade.

Os auditores começaram já a trabalhar e deverão passar a pente fino todos os dados relativos à gestão financeira, às actividades, às remunerações, ao Cenafogo (um campo de treinos em Arruda dos Vinhos, no distrito de Lisboa, que nunca chegou a funcionar) e aos contratos feitos com a Força Especial de Bombeiros (FEB).

O PÚBLICO tentou obter uma reacção do presidente da Escola Nacional de Bombeiros, José Augusto Carvalho, que estava incontactável.

A LBP, que é uma das associadas da escola em parceria com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), ainda não tinha, a meio da tarde deste sábado, sido oficialmente informada desta auditoria. No entanto, o seu presidente aplaude a iniciativa do ministro Miguel Macedo. “Com certeza que o senhor ministro não ordena esta inspecção sem razões para o fazer”, afirma Jaime Marta Soares.

“Por uma questão de transparência da vida pública, não se perde nada com esta auditoria”, reforça. O presidente da LBP espera que a equipa de auditores seja “eficaz, expedita e competente” e que apresente resultados “rapidamente”.

A inspecção deverá revelar se há pormenores da gestão da escola que devem ser corrigidos. Jaime Marta Soares considera que há: “A escola tem um orçamento de 16 milhões de euros e cerca de 14 milhões de euros são para pagar actividades que não têm a ver com a escola”, afirma o responsável.

Em causa está o pagamento de salários dos operadores de central espalhados pelo país e dos bombeiros da FEB, os “canarinhos”, que “nada têm a ver com a escola”, sublinha Marta Soares, acrescentando que aquela entidade funciona como “barriga de aluguer”.

“É preciso fazer uma arrumação na Escola Nacional de Bombeiros, implementar técnicas e fazer as opções necessárias para melhorar a gestão”, reforça. Para apoiar a decisão do MAI sobre o futuro da escola, que deverá ser tomada em 2013, a LBP vai reunir-se em Janeiro para debater o modelo que melhor possa responder às exigências da actividade. "Estou convencido de que as nossas sugestões não irão cair em saco roto", afirma o presidente, que elogia o desempenho de Miguel Macedo. "Este ministro não fala muito nas coisas, opta por fazê-las, e isso é bom."

Já em 2005 o MAI tinha ordenado uma auditoria financeira “urgente” à Escola Nacional de Bombeiros, com a justificação de que foram “detectados incumprimentos legais de relevo” na instituição.

Em Março daquele ano, o então secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, Paulo Pereira Coelho, afirmava que o objectivo da auditoria – solicitada à Inspecção-geral de Finanças – era “esclarecer a ligação financeira entre a Escola Nacional de Bombeiros e o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil”.

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