A direcção de informação da Lusa demitiu-se esta quarta-feira, depois de o conselho de administração da agência ter decidido afastar o director de Informação, Fernando Paula Brito, em funções desde 2011. A administração propôs, entretanto, que Pedro Camacho fosse o sucessor no cargo.

Numa nota à redacção da agência de notícias, Fernando Paula Brito explicou esta quarta-feira que o conselho de administração da Lusa, através da sua presidente, Teresa Marques, o informou da sua "decisão de realizar uma alteração na estrutura da Lusa que inclui a mudança do director de Informação".

Na sequência desta decisão, os directores adjuntos – Nuno Simas e Ricardo Jorge Pinto, também em funções desde 2011 – apresentaram a sua demissão "solidariamente", o que representa a saída de funções de toda a direcção de Informação.

Na mesma nota, Fernando Paula Brito adiantou que se manterá em funções até 4 de Outubro, data das eleições legislativas.

"Orgulho-me de ter coordenado o trabalho de uma direcção e de uma equipa de jornalistas, e de, juntos, termos feito um trabalho seguindo critérios de isenção, rigor, independência e respeito pelo pluralismo", refere a nota.

Durante a tarde desta quarta-feira, o conselho de redacção emitiu um comunicado aos trabalhadores da Lusa e refere que Teresa Marques pediu um parecer àquele órgão sobre a proposta de nomeação de um novo director de Informação da Lusa, o jornalista Pedro Camacho.

Pedro Camacho, entre outras funções, foi jornalista do PÚBLICO e do Diário de Notícias e director da revista Visão.

Uma eventual aceitação da nomeação de Pedro Camacho para a Lusa terá ainda de ser submetida a um parecer do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

Conselho de Redacção questiona mudanças em período pré-eleitoral 
Na reunião com a presidente do Conselho de Administração da empresa, Teresa Marques, o Conselho de Redação (CR) da Lusa questionou a responsável sobre a mudança de director de informação no período pré-eleitoral e se o momento "não poderá ter uma leitura política".

Em comunicado, o CR refere que, durante a reunião, questionou Teresa Marques sobre o que a levou a mudar o director de informação no período pré-eleitoral e os motivos que estão na base dessa decisão, tendo "insistido na questão de o momento da escolha de mudança de DI poder ter uma leitura política (a um mês das eleições)".

Teresa Marques respondeu aos elementos do CR que "é fundamental que a Lusa se mantenha autónoma e independente" e que o que "não é fundamental é ouvir que a DI muda quando muda o Governo".

A presidente do Conselho de Administração acrescentou que "é um momento difícil mas não político", porque momento político seria se a mudança fosse a seguir às eleições, garantindo que "não vai haver um mínimo de alteração em relação à forma como vai ser feita a cobertura das eleições".

Teresa Marques disse também ao CR que a Lusa tem de "aumentar receitas e reduzir custos e isso vai ser tudo menos reduzir pessoal", sublinhando que a agência de notícias tem "capacidade interna para criar uma nova direcção de informação". "Não vejo que seja necessário que o novo DI chegue e vá buscar pessoas de fora", adiantou.

Teresa Marques explicou ainda ao CR que decidiu fazer uma reorganização da Lusa em simultâneo, abrangendo todas as áreas da agência e criando uma Direcção Comercial e de Marketing.

Segundo Teresa Marques, tratou-se de "uma decisão de gestão", na qual se englobou a mudança do atual DI, Fernando Paula Brito, que se mantém em funções até 4 de Outubro (dia das eleições legislativas).

"Não queremos ser colados à ideia de fazer mudanças porque houve uma mudança de Governo. Com este Conselho de Administração isso não acontece seguramente. Quem ganhar [as eleições] sabe que o Conselho de Administração tem um DI na Lusa", disse Teresa Marques.

O CR da Lusa vai dar parecer sobre a destituição de Fernando Paula Brito e a nomeação de Pedro Camacho dentro de cinco dias.