Estima-se que 30% da superfície agrícola útil mundial, equivalentes a 300 quilos de alimentos perdidos por habitante e correspondentes a um custo económico de 750.000 milhões de dólares, são desperdiçados anualmente. Por outro lado, na Europa, numa inaceitável relação direta entre desenvolvimento económico e nível de desperdício, 89 milhões de toneladas de comida terminam no lixo, num cenário compartilhado por ambos os países da Península Ibérica.

É pois importante uma estratégia no sentido da redução do desperdício alimentar, compromisso de todos e para todos, que a nossa consciência, cívica e social, exige.

Assim, porque achamos que é um compromisso para toda a sociedade, os governos de Portugal e Espanha apresentaram uma estratégia, própria para cada país, mas com a mesma filosofia de intervenção e objetivos comuns, que envolve todos os parceiros da cadeia alimentar, bem como a administração pública, no objetivo de educar, informar, sensibilizar, responsabilizar, agilizar e, se necessário, regular.

As ações que incorporam esta estratégia agrupam-se em cinco eixos: realizar estudos para conhecer o quanto, como, onde e o porquê do desperdício de alimentos; divulgar e promover boas práticas e ações de sensibilização; analisar e rever aspetos normativos; fomentar a concepção e desenvolvimento de novas tecnologias; colaborar com os agentes e organizações envolvidas nesta missão.

Não existem soluções fáceis e imediatas. A vontade de todos os agentes da cadeia alimentar em se envolverem ativamente, de uma forma organizada, estruturada e coordenada, comprometendo-se para uma mudança de atitude, de procedimentos de trabalho e dos sistemas de gestão, é um bom indicador para a redução do desperdício e das pressões ambientais.

No enquadramento das boas relações existentes entre os ministérios da Agricultura de ambos os países, a colaboração no desenvolvimento de atuações conjuntas neste âmbito será uma realidade, num compromisso que trespassa fronteiras, rumo ao desperdício zero.

Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar

Carlos Cabanas Godino, secretário-geral da Agricultura e Alimentação