Despedimentos na Controlinveste são "ataque" aos cidadãos

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O Diário de Notícias é um dos principais títulos do grupo de Joaquim Oliveira Pedro Valente/Arquivo

Apareceram jornalistas, activistas, políticos no final desta segunda-feira e ficaram parados, uns em frente ao edifício Diário de Notícias, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, outros em frente ao edifício Jornal de Notícias, Rua de Gonçalo Cristóvão, no Porto - uns e outros a mostrar desagrado com os despedimentos no Diário de Notícias, no Jornal de Notícias, no Notícias Magazine, na TSF, na Global Imagens e n’ O Jogo; uns e outros solidários com quem tem o nome na lista.

Há quase um mês, a administração do grupo Controlinveste revelou a sua intenção de despedir 140 trabalhadores, entre os quis 64 jornalistas, e de negociar a saída de outros 20. Argumentou com a "evolução negativa do mercado do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do sector".

Dos plenários de trabalhadores resultou a petição “Pela liberdade e pela democracia”. Nela se sustenta que a democracia se faz “com uma comunicação social livre” e que a liberdade se constrói “com uma comunicação social plural”, pelo que “não é possível aceitar de braços cruzados que a Controlinveste desfira mais um golpe” no sector.

No Porto, Alfredo Maia, jornalista do JN, presidente do Sindicato de Jornalistas, usou a palavra “ataque”. Vê neste despedimento colectivo um "ataque não só às pessoas abrangidas, mas também aos cidadãos”, já que “fica enfraquecida” a capacidade de informar.

O efeito no pluralismo parece-lhe inegável. JN e DN partilharão ainda mais conteúdos. Em ambos ficou reduzida a secção País. A Política levou um valente corte, sobretudo no JN, e a Cultura, mais no DN. Ficam no osso o JN em Lisboa e o DN no Porto. Os despedimentos também afectam as delegações. “Os cidadãos terão nas montras dois títulos, dois cabeçalhos, mas em boa parte terão o mesmo conteúdo” ,lamenta.

“Quanto menos jornalistas houver a observar a realidade, a interpretar a realidade, a contar a realidade, menor a possibilidade dos jornais fornecerem aos cidadãos a informação de que necessitam para tomar decisões”, comentou. O que está em causa, sublinhou, é a qualidade da democracia. 

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