Candidatos a professores do básico terão de fazer exames de Português e Matemática

Ministro da Educação anunciou estar a preparar um diploma que será discutido com os parceiros sociais, sindicatos e instituições do ensino superior.

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Enric Vives-Rubio

Os candidatos aos cursos de licenciatura de professores do ensino básico terão de passar a fazer os exames de Português e de Matemática, anunciou nesta segunda-feira o ministro Nuno Crato, que adiantou estar já a preparar o diploma.

O ministro da Educação e da Ciência afirmou que o documento será discutido com os parceiros sociais, incluindo sindicatos e instituições do ensino superior que ministram as licenciaturas.

Nuno Crato considera inaceitável que os professores do ensino básico não tenham boas bases de Português e de Matemática. “É possível, neste momento, que um professor do ensino básico faça o seu percurso [escolar] mesmo tendo reprovado a Matemática no 9.º ano de escolaridade, tenha passado o secundário sem ter a disciplina. E depois tire uma licenciatura em Educação e comece a ensinar Português e Matemática aos alunos do 2.º ciclo”, descreveu o governante, argumentando que esta é uma situação “que não se pode manter”.

“Vamos tornar obrigatória, para o acesso à licenciatura em Educação Básica, a realização de provas de ingresso nas áreas de Português e de Matemática. Queremos que os futuros professores, ao entrarem para um curso superior, mostrem que sabem de Português e de Matemática”, afirmou Nuno Crato perante os deputados da maioria, ao discursar nas jornadas parlamentares do PSD e do CDS-PP que se realizam até amanhã no Parlamento.

“Se queremos bons alunos, precisamos de bons professores”, justificou Nuno Crato, lembrando, por exemplo, a introdução da prova de conhecimentos que tanta discussão tem provocado com os sindicatos, e vincando a necessidade de “reforçar a formação intensiva dos professores”.

O ministro salientou que o seu ministério tem cerca de metade dos funcionários da administração central, por isso a redução da massa salarial na função pública tem um enorme impacto nas suas contas. Falou na melhor afectação de recursos que tem feito, exemplificando com a diminuição significativa dos professores do quadro com horário zero e a redução das transferências para o ensino particular e cooperativo (307 milhões de euros em 2010; 188 milhões este ano; 182,6 milhões em 2014).

Nuno Crato fez questão de salientar que antes deste Governo “o Inglês não era obrigatório em nenhum ano de escolaridade, tratando-se antes de uma actividade facultativa com qualidade e frequência muito variável”. Agora, ainda que não seja no ensino básico, o Inglês passou a ser disciplina obrigatória “ao longo de cinco anos consecutivos” e este ano foi introduzida uma prova feita pela Universidade de Cambridge “que lhe permite comparar com o que internacionalmente de melhor se faz no mundo”.

Do lado da despesa, Nuno Crato anunciou que vai atribuir bolsas suplementares para quem abandonou o ensino superior por razões financeiras; e na área da ciência, contou haverá novamente incentivos fiscais à contratação de doutorados pelas empresas.
 

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