A Política no radar dos media

Esta semana foi um desfiladeiro de má comunicação política.

Toda a comunicação é eminentemente política. Qualquer mensagem na boca de um político tem uma implicação política. E por mais diverso ou divergente que seja o desbobinar do discurso de um político soma sempre efeitos cumulativos.

Os políticos, hoje, em contínuo contacto com os media, aliás o que acontece por obstinação mútua, não têm por isso direito a ser inocentes. Nem se compreende como alguns, por impreparação ou inqualificável improvisação repentista, estão convencidos de que neste enredo das palavras que fazem desfilar correntemente através dos media é possível vir a “iludir” os efeitos das suas frases. Há, aqui, um duplo efeito, qual deles o mais implicativo. Primeiro dizem. Depois redizem ou até desdizem. Apelam ao contexto e forçam retorquir a interpretação que os media ou esse contingente enorme dos comentadores “espalharam”. Algumas vezes aparecem a reagir maldispostos e irritados, o que, de algum modo, reflecte a versão de que “fazer o mal e a caramunha” só agrava a situação.

É evidente que, nesta era intrinsecamente comunicacional, os media “estão sempre lá” e um político não goza de tréguas. Ele está sempre a falar sob o eco de microfones ou câmaras, visíveis ou ocultos. É verdade que, por vezes, os media actuam como autênticos “predadores”. Mas será possível imaginar que, hoje, algum político não tem consciência da arena onde desenvolve a sua actividade? Ou será que ignoram que na “bagagem” da sua preparação é primordial saber lidar com a comunicação social? Toda a comunicação é política.

Esta semana foi um desfiladeiro de má comunicação política. Na oposição e nos situacionistas. Nos actores responsáveis da cena política.

 
CORREIO LEITORES/PROVEDOR


A Língua Portuguesa “agredida”

“Leitora diária do jornal Público, jornal que considero de referência, fico muito apreensiva quando a nossa Língua Portuguesa é agredida... Já não basta o malfadado Acordo Ortográfico que deita por terra as nossas remotas origens latinas... Muito frequentemente,  tropeço com erros ortográficos e incorrecções de palmatória!... Para não me alongar, apenas um exemplo:

Na página 46 do Público de 17 de Fevereiro passado, Debate Justiça e língua portuguesa, a autora, a certa altura,  escreve: Coação de funcionário"é crime de sangue? Como se coa um funcionário?” aparecendo  destacado e a verde.

Acontece que o substantivo coação (acção ou resultado de coar...) e o verbo coar (do latim colare, fazer  passar um líquido por um coador), não têm nada a ver com coacção (coactio, acto de obrigar alguém a  fazer ou a deixar de fazer algo...) e o verbo coagir (coagere, obrigar a fazer ou a não fazer algo...).

Resumindo, devia estar escrito "Como se coage um funcionário?"

(…) Seria mais fácil para mim nada dizer, mas, que diabo, evocando Fernando Pessoa, " A minha pátria  é a língua portuguesa!"“

Comentário do provedor: Parece-me que a leitora deste reparo tem razão. Contudo, ao reler o artigo citado e interpretando o estilo adoptado no texto, escrito com alguma ironia, a autora do artigo pode ter usado a expressão “ Como se coa um funcionário?” no contexto dessa ironia.

 

Afinal, os bilhões que seremos?

Uma outra leitora nota os seguintes erros:

“No “PÚBLICO” de 22 de Fevereiro de 2015, e na entrevista dos jornalistas São José Almeida e Nuno Ribeiro a Miguel Real, tanto os entrevistadores como o entrevistado erraram.

Na pergunta dos entrevistadores na página 15, 4ª coluna eles afirmam, numa pergunta ao entrevistado, que a China é a primeira economia mundial. Têm a obrigação de saber melhor.

O entrevistado na mesma página, mas na 5ª coluna faz respostas algo estranhas, na sua resposta a pergunta se “A evolução da economia, associada à falta de ética, pode levar a isso?”. Então haverá 50 bilhões de habitantes na terra em 2070, e  “E no século XXII, quando formos 15 bilhões”???

Fiquei à espera de no “PÚBLICO” de hoje ver uma rectificação, mas não a encontrei.”

 
Comentário: Tendo feito chegar aos jornalistas citados este pedido de rectificação, a jornalista São José Almeida esclareceu:

“O erro sobre os números de população foi assumido pelo jornal que eliminou essa passagem truncada da versão online da entrevista.

Quanto à China. Este país é de facto a primeira economia segundo os dados do FMI e do Banco Mundial para 2014.”

Comentário do provedor: Já noutras ocasiões, tenho aludido a esta situação. Ou seja: efectivamente, a edição do PÚBLICO digital permite as correcções imediatas. Por vezes, corrigindo os erros; por vezes até, eliminando os erros. Acontece que há leitores que só lêem o PÚBLICO edição papel e confiam, por hábito, na secção “O PÚBLICO ERROU”.

 

O PÚBLICO E SAÚDE DOS PORTUGUESES

Mais uma vez, um leitor insurge-se pelo modo como o PÚBLICO tem tratado os problemas da saúde, ultimamente, um assunto permanentemente em agenda:

“Sou leitor do vosso jornal desde o seu primeiro número. Habituei-me a esperar do Público rigor e isenção. Sei que são atributos impossíveis de alcançar de forma absoluta mas penso que, no essencial, o jornal foi conseguindo esse resultado. Não posso por isso deixar de lamentar a transformação do Público em órgão oficioso do Ministério da Saúde. A direção e os jornalistas do Público têm o direito de idolatrar o atual Ministro, desde que isso não tenha como consequência divulgar como notícia as produções propagandistas do Ministério, em dose repetida, sem juízo crítico e sem factos que as sustentem. Segue em anexo exemplo recente dessa "política editorial". No curto espaço de 10 dias o Público repete a manchete de primeira página. Esse facto é, em si mesmo estranho mas o mais grave é que se baseia em factos que não são explicitados. Que medicamentos estão em cada uma das listas? Isto é, o que são considerados "fármacos inovadores"? Os medicamentos biológicos? Os medicamentos introduzidos no mercado em cada ano? É ridículo e manipulador considerar que a despesa em medicamentos inovadores em 2011 foi apenas de 56 milhões de euros. Enfim, (…) em matéria de saúde, as notícias do Público (que menoriza a total ausência de investimento, o envelhecimento dos equipamentos, muitos dos quais já nem funcionam, as macas nos corredores e nos serviços, os atrasos de atendimento) têm que ser lidas como uma extensão do poderoso gabinete de comunicação do dr. Macedo.”

Comentário do provedor: Efectivamente, os problemas relacionados com a saúde, (atendimento nas urgências dos hospitais, com desmesuradas horas de espera, medicamentos inovadores, repetidos pedidos de demissão dos directores clínicos, carência de enfermeiros, etc.) têm trazido às páginas dos jornais e aos noticiários dos restantes media pertinentes questões no panorama da saúde dos portugueses. Não admira, por isso, que como provedor tenha recebido insistentes reclamações em discordância sobre o tratamento que o PÚBLICO tem dedicado a estes assuntos. Tenho dado conta à direcção e aos jornalistas visados nestas queixas. Contudo, sinceramente, devo dizer o seguinte: se transcrevo a queixa acima recebida é para registar que os leitores e o público em geral estão muito sensíveis a estas situações e, porventura, podem ter uma opinião contrária ao modo como o PÚBLICO tem encarado estas questões. Da minha parte, como escrevi no artigo publicado em 01.02.2015, “ A saúde dos portugueses e o Syriza”, não considero que o PÚBLICO se tenha abstido de afrontar estas questões, criticamente e com isenção. Muito menos posso aceitar a acusação de que o PÚBLICO se tem aliado à “dita propaganda” do ministério.

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