Segredos da nau quinhentista da Namíbia divulgados hoje

Arqueólogos portugueses apresentam fotos e falam do espólio da embarcação naufragada há 500 anos

a Um conjunto de mais de 4000 fotografias será apresentado hoje, na biblioteca do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), em Lisboa, para comprovar o valor do espólio descoberto no interior de uma nau quinhentista portuguesa afundada na costa da Namíbia. O arqueólogo português Francisco Alves, que participou nos trabalhos, não quis ontem quantificar o valor patrimonial do achado, referindo apenas que, "em 32 anos de arqueologia, foi a primeira vez que andei de joelhos no chão a encontrar moedas de ouro".Estas moedas do século XVI são apenas uma parte do espólio da nau. As equipas que procederam à escavação (num fosso a seis metros abaixo do nível do mar) encontraram dezenas de presas de marfim, 13 toneladas de lingotes de cobre, os restos de, pelo menos, seis canhões e centenas de quilos de utensílios de navegação e armamento, nomeadamente espadas, mas também pistolas. Embora ainda sem confirmação oficial (os resultados dos trabalhos só hoje serão divulgados), estima-se que tenham sido retirados do local cerca de 20 quilos de moedas de ouro, bem como inúmeras moedas de prata e diversos lingotes do mesmo metal. Ontem, em declarações ao PÚBLICO, Francisco Alves - que esteve na Namíbia acompanhado do arqueólogo Miguel Aleluia - disse que "mais importante do que o valor patrimonial [falou-se que o espólio poderá valer 70 milhões de euros] é a escavação em geral".
A descoberta do navio foi anunciada em Abril, quando os funcionários da empresa diamantífera sul-africana De Beers encontraram uma estrutura de madeira de grandes proporções, assim como diversas grandes pedras redondas que, posteriormente, se concluiu serem canhões. No final de Setembro, também em declarações ao PÚBLICO, Francisco Alves alvitrou que a descoberta poderia ser a mais importante de África, logo a seguir aos achados arqueológicos do Egipto.
Descartada parece, para já, a hipótese de a nau ser a de Bartolomeu Dias, o primeiro navegador a dobrar o Cabo da Boa Esperança e que em 1500 naufragou na zona.

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