Feministas preferiam substituir Dia da Defesa Nacional

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As mulheres "têm que dar o toque feminino em todas as coisas" MIGUEL SILVA/arquivo

Apesar de ver como positiva a equiparação das mulheres e homens no Dia das Forças Armadas, a UMAR acha que a iniciativa não faz sentido

À sétima edição do Dia da Defesa Nacional, que arrancou ontem por todo o país, passou a ser obrigatória a presença das mulheres na iniciativa. Quem participou considerou a mudança como um progresso. Mas houve quem a considerasse um progresso no mau sentido. "Até agora, apenas os cidadãos do sexo masculino eram convocados. A partir deste ano, por esta forma, cumpre-se a igualdade de direitos e deveres, sem distinção de género, no que diz respeito às obrigações militares dos portugueses", informou o Ministério da Defesa Nacional (MDN), explicando que a comparência é "um dever de todos os cidadãos nacionais, podendo ocorrer a partir do primeiro dia do ano em que completem 18 anos de idade e enquanto a mantenham".

Mas a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) não parece concordar com esta leitura. Esta organização não governamental (ONG), que defende os direitos das mulheres, entende a iniciativa como positiva "em relação à questão da igualdade de género". Mas, como a dirigente Manuela Góis acrescenta depois, discorda da necessidade de "haver um dia de defesa nacional com obrigatoriedade, coimas altíssimas e interdição de candidatura à função pública" em caso de não comparência. "É algo que não faz sentido quando a República não está em perigo, devia ser substituído por um dia com outros valores que não os belicistas", acrescenta.

Ainda assim, entre quem participou, a reacção foi positiva. Tânia Garcia foi um de 100 jovens - 52 raparigas e 48 rapazes da Figueira da Foz - convocados a comparecer na 7.ª edição do Dia da Defesa Nacional. A jovem considerou "uma ideia completamente errada" a tropa ser coisa de homens. "Sem dúvida que não", afirmou Tânia Garcia, referindo o exemplo que viu na Base Aérea n.º 5. "Nós, por todos os sítios que passámos, encontrámos mulheres a fazer todo o tipo de trabalhos", referiu, acrescentando: "As mulheres têm que dar o toque feminino em todas as coisas. E nós, de certeza, que fazemos a diferença na tropa também". A jovem salientou que direitos implicam deveres. "Todos temos o direito de participar na parte política, militar, social, de tudo, do país. Portanto, somos todos iguais, temos todos os mesmos direitos", frisou, para apontar imediatamente os deveres. A estudante, que já ponderou seguir a carreira militar - na Marinha - disse que, neste momento, essa é uma possibilidade adiada. Houve até quem viesse mesmo interessada. Bárbara Francisco estava contente com a convocatória, porque sempre gostou "destas coisas" e "talvez seja alguma coisa a seguir".

Bárbara Francisco, que já se tinha estreado em Tancos, adiantou estar curiosa "com tudo" e não temer a carreira militar. "É uma vida muito difícil. O meu pai ficou um bocado de pé atrás quando eu lhe falei que gostava disto e se calhar ingressar por esta carreira", contou. O Dia da Defesa Nacional prolonga-se até 27 de Maio de 2011. com Lusa

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