Directores avisam que vai acabar a escola a tempo inteiro

Os representantes das duas associações nacionais de dirigentes escolares dizem ter saído da última reunião do Conselho de Escolas, onde ouviram a ministra Isabel Alçada, "mais preocupados do que nunca". Tanto Manuel Pereira, da Associação de Dirigentes Escolares (Ande), como Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), concordam que, "apesar de gravíssimo", o problema da avaliação do desempenho é o que menos os angustia, neste momento. "As escolas estão a ser geridas pelo Ministério das Finanças e não pelo da Educação" e "as consequências vão estar à vista de pais e de alunos no próximo ano lectivo", avisam.

Os dois dirigentes não se pronunciaram em comunicado conjunto, mas se o tivessem feito o resultado seria sensivelmente o mesmo. Apesar das diferenças entre as duas organizações, os dois dirigentes asseguraram que, se desejava "acalmar os ânimos", na reunião de quarta-feira, Isabel Alçada ficou longe de conseguir fazê-lo.

"Não há soluções à vista. A resposta a todas as questões que levantamos é a mesma: não há dinheiro, temos de participar no esforço nacional de contenção", relatou Filinto Lima, da ANDAEP.

Entre os motivos de preocupação em relação ao próximo ano lectivo - e que terão sido levantados por vários directores, no encontro que se prolongou por três horas e meia - está a reorganização curricular (que fará com que os alunos do segundo ciclo passem menos cerca de quatro horas na escola), o fim do par pedagógico na disciplina de Educação Visual e Tecnológica, a diminuição do crédito global de horas para as escolas se organizarem e a criação de mais agrupamentos de estabelecimentos de ensino.

Aqueles factores vão resultar na diminuição "de cerca de 30 por cento dos professores por escola e no fim da escola a tempo inteiro", avisa Manuel Pereira, da Ande. Os dois directores dizem estar preocupados com o desemprego dos docentes e com aspectos pedagógicos, mas alertam, também, com os reflexos imediatos no quotidiano dos alunos. "Com a diminuição da carga lectiva, muitos passarão a frequentar a escola apenas de manhã ou só de tarde. E sem recursos humanos para os acompanhar, para lhes dar apoio e promover actividades extracurriculares, será impossível mantê-los nos estabelecimentos de ensino", considera Filinto Lima.

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