Conselho de Redacção da Lusa questiona independência na cobertura noticiosa da agência, director contesta

a O conselho de redacção (CR) da Lusa, que representa a redacção da agência, considera que houve recentemente atitudes da parte da direcção de informação que "parecem pouco consentâneas com a obrigação de isenção, objectividade e independência", no que respeita à cobertura noticiosa da acumulação de funções de José Sócrates quando estava no Parlamento. A questão foi uma das muitas levantadas durante a última reunião do CR, presidida pelo director de informação da Lusa, Luís Miguel Viana, e na qual estiveram também os cinco jornalistas do conselho eleitos pela redacção. Este órgão tem como uma das principais funções analisar o trabalho da agência, em termos editoriais.
De acordo com uma acta dessa reunião, divulgada internamente na Lusa quinta-feira à noite, os representantes da redacção estranharam que "na altura da acusação, publicada no jornal PÚBLICO, de que José Sócrates manteve trabalho profissional durante o período de exclusividade como deputado, a Lusa noticiasse um parecer do jurista Paulo Otero, trazido em mão à Lusa por um assessor do primeiro--ministro e entregue ao director de informação, sem se ouvirem outros juristas sobre esta matéria".
Já Luís Miguel Viana defende que se tratou de um "trabalho de total transparência". "A jornalista recebeu o parecer, ligou ao jurista e interrogou-o sobre aspectos que lhe pareceram pertinentes, explicitou a que lugar o tinha feito chegar e escreveu a notícia segundo as melhores práticas da profissão", indicou, citado na mesma acta, o director de informação da Lusa, acrescentando que "falou-se com toda a gente que se mostrou interessada no caso" - afirmações que aliás ontem repetiu, quando contactado pelo PÚBLICO.
Entretanto, ontem o CR mostrou-se também preocupado com os efeitos para os encargos anuais da agência que terá a admissão de dois novos directores adjuntos de informação, António Costa e David Pontes, embora salientasse pela positiva as questões editoriais relativas a ambos. António Costa, do semanário Sol, foi aprovado pelo CR, considerado uma "mais-valia" numa altura em que a secção de Economia "se encontra debilitada".
Já David Pontes, que vai ficar no Porto e estava no Jornal de Notícias, foi chumbado por maioria, por considerarem que "não se justifica um director de informação adjunto no Porto", mesmo como coordenador dos correspondentes. "Esta coorde-
nação, sendo feita fora da sede e longe das editorias País e Agenda, pode constituir-se como um factor de perturbação do bom funcionamento da
redacção", afirma um parecer. Quanto ao director de informação da Lusa, disse ontem que opinar sobre a descentralização da direcção não é tarefa do CR, competindo "apenas ao director" da agência.
O caso da acumulação de José Sócrates esteve na origem de um diferendo entre o CR da Lusa e o seu director

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