Chegaram mais 40 médicos colombianos e estrangeiros são quase 10% do total nacional

Há cerca de quatro mil médicos estrangeiros a trabalhar em Portugal. A maioria é da UE, mas há centenas de brasileiros

Já estão em Portugal mais 40 médicos colombianos, depois de um primeiro grupo de 42 clínicos daquele país ter sido colocado em 18 centros de saúde muito carenciados em recursos humanos, há cerca de um mês. Apesar das críticas dos sindicatos do sector e da Ordem dos Médicos (OM), que contestam o facto de estes médicos não terem a especialidade de medicina geral e familiar, o PÚBLICO sabe que estão previstas mais contratações de clínicos colombianos, nomeadamente para os Açores, e que foram também já seleccionados oito médicos na Costa Rica.

A notícia de que mais 40 colombianos "estão a chegar" a Portugal e que serão distribuídos pelas zonas "mais carenciadas" do país, como Lisboa, Alentejo e Centro, foi ontem adiantada pela ministra da Saúde. Ana Jorge aproveitou para fazer um balanço positivo da presença do primeiro grupo, cuja colocação nos centros de saúde tem gerado grande controvérsia.

Este novo grupo agora chegado da Colômbia foi seleccionado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Porto. António Sousa Pereira, presidente do conselho directivo do ICBAS, estranha, a propósito, toda a polémica desencadeada pela vinda dos colombianos, notando que representam "uma gota de água" no conjunto de médicos estrangeiros a trabalhar em Portugal. Um número que tem vindo aumentar nos últimos anos - passou de 3736 em 2008 para 3937 em 2010, representando agora 9,3 por cento do total de profissionais inscritos na OM (42.031 em 2010).

A maioria é oriunda da União Europeia, principalmente de Espanha (2426), sendo também significativo o número de brasileiros (657). Os profissionais da América do Sul passaram de 106 em 2008 para 150 em 2010. As contratações levadas a cabo pelo Ministério da Saúde começaram há vários anos: vieram médicos uruguaios para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e cubanos para centros de saúde do Alentejo. A sua chegada também gerou, na altura, grande polémica.

A vinda dos médicos colombianos é o resultado de um processo de recrutamento que começou há dois anos, ainda antes de o problema da falta de médicos de família se ter agravado em Portugal, com a "corrida" às reformas antecipadas verificada em 2010.

Ana Isabel Rodriguez, 30 anos, médica colombiana que desde Abril está a trabalhar em Almada, mostrou-se ontem preocupada com a controvérsia, em declarações à Lusa. "Eu sei que era melhor que os portugueses pudessem ter médicos do seu país, mas nós também somos médicos com muita experiência e queremos fazer um bom trabalho social com as pessoas. É uma boa experiência para todos."

Sugerir correcção