Sete dos 13 vice-presidentes da bancada do PS assinaram a favor do congresso

Apoiante de Costa, Odete João lembra que foi eleita vice-presidente pelos deputados do PS e que a maior parte destes quer directas e congresso extraordinário no partido. Mas acrescenta que o seu cargo está à disposição da direcção da bancada.

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Entre os signatários estão os “vices” Marcos Perestrello e Pedro Nuno Santos (2.º e 4.º na foto) Enric Vives-Rubio

A vice-presidente do grupo parlamentar do PS Odete João declarou nesta quinta-feira que o seu lugar está à disposição da direcção da bancada, mas também disse acreditar que o secretário-geral do partido será “sensível" à posição assumida por 45 dos 74 deputados do partido que reclamam a marcação de um congresso extraordinário.

“O meu lugar está sempre à disposição da direcção da bancada, sendo certo que fui eleita para vice-presidente pelos deputados e que a maioria deles está em consonância com a convocação de eleições directas e de um congresso extraordinário electivo”, declarou ao PÚBLICO, referindo-se à eventualidade de o secretário-geral do partido não atender às reivindicações de dois terços dos seus parlamentares. “Em democracia batemo-nos por ideias e convicções e devemos encarar os lugares como transitórios, mas mantendo sempre a necessidade de serviço público”, acrescentou a deputada, alertando para os “graves inconvenientes para o partido e para o país, caso a crise interna não seja resolvida rapidamente”.

Odete João foi uma das subscritoras do abaixo-assinado dos deputados a favor da realização de eleições directas para a escolha do secretário-geral, na sequência da disponibilidade anunciada por António Costa para disputar o cargo a Seguro. Para além de Odete João, assinaram o texto mais seis vice-presidentes da bancada parlamentar, liderada por Alberto Martins (que apoia Seguro e a opção deste por primárias, a 28 de Setembro). São eles Ana Catarina Mendes, Hortense Martins, Sónia Fertuzinhos, Marcos Perestrello, Pedro Marques e Pedro Nuno Santos.

Questionado sobre a possibilidade de estes sete dos 13 vice-presidentes da bancada do PS se demitirem, caso a direcção do PS recuse o abaixo-assinado, Jorge Lacão, o promotor da iniciativa, disse, citado pela Lusa: “Não queremos contribuir de forma nenhuma para tornar mais difíceis os problemas do PS. O que me limito a sublinhar é que a maioria dos membros da direcção [da bancada] tem esta interpretação [a favor de directas e de um congresso]”.

Quanto à possibilidade de ocorrer uma vaga de demissões na direcção da bancada, Lacão afastou esse cenário, afirmando: “O nosso propósito é não juntar problemas aos problemas que já existem. Estamos internamente persuadidos de que o interesse do PS e do país exigem um tempo mais célere do que aquele que está previsto”. O antigo-ministro dos Assuntos Parlamentares voltou a afirmar o “propósito empenhado” que levou os deputados a subscreverem o abaixo-assinado e também ele disse esperar que o “secretário-geral seja sensível aos argumentos invocados” no documento.

O cenário de uma eventual crise na bancada parlamentar está, para já, afastado, com os deputados a dizer em que não existem razões para se demitirem, porque - sustentam - a sua “iniciativa é clara em si mesma”. 

O abaixo-assinado, cuja existência o PÚBLICO avançou na quarta-feira, já chegou às mãos da destinatária, a presidente do partido, Maria de Belém, e será agora entregue ao secretário-geral do PS. No documento, os deputados apelam a António José Seguro para que encurte os prazos para a escolha de uma nova liderança do partido, processo que a maioria dos deputados da bancada entende dever passar por eleições directas e pela realização de um congresso extraordinário electivo.

 

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