Vice-presidente da FNAM fala de “escolha muito infeliz” para a Saúde

Mário Jorge Neves conhece bem o percurso do novo governante e diz que “não é por se ser ministro que se passou por um banho purificador”.

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Novo inquilino do Ministério da Saúde não comenta as críticas GONÇALO PORTUGUÊS

O vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Mário Jorge Neves, reagiu esta quarta-feira com alguma apreensão à indigitação de Adalberto Campos Fernandes para o cargo de ministro da Saúde, declarando tratar-se de “uma escolha muito infeliz”.

Mário Jorge Neves considera que “António Costa fez uma escolha muito infeliz para a pasta da Saúde” e só reage à indigitação de Adalberto Campos Fernandes porque conhece “muito bem o seu percurso e o seu pensamento”. “As pessoas não andam escondidas na clandestinidade e não há uma transmutação da alma quando alguém sai de um sítio onde teve um comportamento e uma postura num determinado sentido e depois vai para ministro”, afirma.

O também presidente do Sindicato dos Médicos do Sul não faz nenhuma avaliação da passagem do sucessor de Paulo Macedo pelas administrações do Centro Hospitalar Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria e Hospital Pulido Valente), do Hospital de Cascais, do subsistema do SAMS mas vai dizendo que não aprova muitas das suas decisões. O vice-presidência da FNAM alude às ligações do governante às organizações médicas, nomeadamente com o Sindicato dos Médicos do Sul (que integra a Federação Nacional dos Médicos) para dizer que, enquanto presidente da comissão executiva dos SAMS, “contratatou pessoas à revelia do acordo de contratação da empresa”.

Defensor do Serviço Nacional de Saúde, o dirigente sindical receia que as questões laborais sejam menosprezadas e “duvida que qualquer elemento da nova equipa possa discutir tudo a seu belo prazer, porque este Governo terá de ter em conta a plataforma de entendimento que foi estabelecida entre o PS e os outros partidos à sua esquerda”. “Temos de ter presente que muita da governação nos vários sectores depende da plataforma dos partidos de esquerda”, reafirma.

O vice-presidente da FNAM, que participou como cidadão nas eleições primárias do PS, tendo votado em António José Seguro contra António Costa, considera que tem “todo o direito” de expressar as suas divergências e indignações”, mas espera para ver. E avisa que não é dado a questões religiosas: “Não acredito na transmutação das almas. "Não é por se ser ministro que se passou por um banho purificador”.

Em tom de algum apaziguamento, diz esperar que as suas apreensões não se confirmem, mas sublinha que “do ponto de vista ético e sindical tem a obrigação de tornar públicas as suas preocupações. No fim deixa um aviso ao primeiro-ministro:” Quem toma as decisões tem de acatar com as consequências”.

O PÚBLICO contactou o novo ministro, mas Adalberto Campos Fernandes recusou fazer qualquer comentário.

 

 

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