“Vertigem e obsessão por eleições” estão a condicionar o PS, diz Moreira da Silva

Vice-presidente do PSD diz que não consegue dialogar “se uma das partes não apresentar propostas” e critica os socialistas pela “obsessão por eleições”.

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Moreira da Silva nomeou a consolidação orçamental como a prioridade do PSD. Rui Gaudêncio

Sem querer fazer declarações vistas como “uma intromissão” no Congresso do Partido Socialista, o vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, comentou neste sábado o discurso e as opções dos socialistas no actual contexto político-partidário.

Durante uma visita à Ovibeja, Moreira da Silva deixou patente que tanto o PSD como o Governo estão “expectantes” em relação à reunião magna socialista, acreditando que esta “possa dar as respostas às perguntas mais importantes que estão na cabeça dos portugueses”.

O vice-presidente do PSD deixa claro que, dadas as “enormes” dificuldades que o país suporta neste momento, o país é forçado “a viver com a consolidação orçamental durante muitos anos”. Moreira da Silva quer saber se, para o PS, a consolidação deve ser feita através de aumento de impostos, da redução da despesa pública, “como é opção do PSD e do Governo” ou se o país não deve satisfazer os compromissos assumidos.

Por outro lado, segundo o vice-presidente social-democrata, o Partido Socialista deve apresentar no seu congresso um modelo de crescimento e emprego que “não seja um regresso ao passado”, que passa por “associar ao crescimento apenas o endividamento”. O dirigente social-democrata sugere que as  propostas dos socialistas sejam “formuladas num ambiente e espírito de compromisso” só possível alcançar se as duas partes dispuserem de alternativas e propostas concretas.

“Não consigo dialogar se uma das partes não apresentar propostas e até se furta a esse espírito de compromisso”, observou Moreira da Silva, assumindo que, “até ao momento”, o PS “não tem manifestado esse espírito de compromisso”, nem “identificou” propostas alternativas e opções de política que “facilitem um diálogo” que deve ser feito com pontos de vista “complementares”. O que existe da parte do PS “é apenas uma vertigem, uma obsessão por eleições”, critica o vice-presidente do PSD.

Quanto à iniciativa do Governo de convidar o Partido Socialista para conversas sucessivas sobre a reforma do Estado e uma agenda para o crescimento e o emprego, considera que é uma decisão “positiva” e diz estar certo “que tal acontecerá”, pois “não existe nenhuma razão para que aquilo que é preciso que fazer não venha a ser feito, em nome do interesse nacional”.

Em relação ao discurso do Presidente da República nas comemorações do 25 de Abril, diz que Cavaco Silva se colocou “num plano superior ao plano partidário”. Considerando que o teor do discurso “vem criar condições para haver diálogo político e social”, Moreira da Silva recusa-se a aceitar que a posição de Cavaco “possa ser encarado numa mera lógica de opção partidária”. O que é diferente, prossegue o dirigente social-democrata, “é a forma como o PS reagiu a esse discurso”.

Quando o PR fez a sua intervenção sobre a espiral recessiva chamando a atenção do Governo e do país para a necessidade de apostar na economia e não apenas na consolidação orçamental, “o PS lançou uma série de proclamações eufóricas dizendo que o Governo está isolado e que o PR concorda com o PS”, disse. Três meses depois, “pelo facto do PR não ter dado conforto à ideia de eleições antecipadas”, originou uma reacção dos socialistas que “é totalmente contraditória com o discurso do PS de há três meses”, continuou.

Para Moreira da Silva, os socialistas “tentam sempre apropriar-se do discurso” do PR quando “este lhe parece mais conveniente”. Quando não lhes serve, tentam empurrá-lo para um outro campo partidário, quando “não dá conforto” a uma opção de eleições antecipadas.

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