Vencidos mas não convencidos

À hora em que escrevo, os resultados dependem de uma questão fundamental: a direita atinge a maioria absoluta? Escrevo no pressuposto de que não, os partidos do Governo perderam mais de meio milhão de votos. Mas a ausência de alternativas credíveis colocou-os, ainda assim, como coligação mais votada. A segunda questão foi a incapacidade de o PS conseguir expressar o descontentamento da população. António Costa estava entre a espada e a parede: não é contra a austeridade e não está no governo mais troikista que a troika, a receber as migalhas do Draghi. Não contentou gregos nem troianos. O terceiro apontamento é o reinventar do Bloco de Esquerda: a nova direcção Catarina e Mortágua demonstrou que o BE tem um espaço social e político. Por sua vez, o PCP foi vítima do voto útil e da incapacidade de transformar força social e simpatia em voto. Os comunistas não conseguem, por muito coisas justas que digam, chegar a camadas da população que ideologicamente e do ponto vista etário não os compreendem. Tanto Bloco como PCP pecam por não ter a audácia de, com outros sectores, se constituírem como alternativa política. Finalmente, os ditos partidos emergentes baseavam a sua acção na possibilidade de expressar o descontentamento real dos portugueses em relação ao sistema político, mas não conseguiram ter a força suficiente para tomar esse papel. Sobre a coligação Agir, com uma campanha com pouco dinheiro e meios, tentámos alterar o tabuleiro do jogo e contribuir para mobilizar todos os sectores sociais e políticos que não se sentem representados com esta democracia. Falhámos. Não desistimos. Daqui a pouco tempo haverá novas eleições.

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