Vasco Lourenço revela que interveio em duas situações difíceis para o partido de Paulo Portas

Presidente da Associação 25 de Abril diz que em 1976, enquanto comandante da Região Militar de Lisboa, deu garantias a Basílio Horta de que havia condições para realizar comício no Campo Pequeno.

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Vasco Lourenço escreveu a Sampaio Pimentel Foto: Daniel Rocha

O antigo membro do Movimento das Forças Armadas Vasco Lourenço considerou que as afirmações proferidas pelo vereador do CDS da Câmara do Porto Manuel Sampaio Pimentel são “incorrectas e injuriosas” em relação à Associação 25 de Abril, de que é presidente, e revelou que, pessoalmente, interveio em dois casos que envolviam o CDS: o cerco do Palácio de Cristal (em 1975), no Porto, e o comício do Campo Pequeno, em Lisboa, um ano depois.

“Não vou comentar a maioria das afirmações que encaro como resultado dum exercício de liberdade que, em boa hora, os militares de Abril recuperaram para Portugal e para os portugueses e que, felizmente, continua a vigorar”, escreve Vasco Lourenço na carta ao vereador do CDS e número dois da Câmara do Porto.

Na sequência do voto favorável do vereador do CDS na Câmara de Lisboa a favor da atribuição da Medalha Grau Ouro à Associação 25 de Abril, Sampaio Pimentel pediu uma “clarificação política do partido” sobre “aquilo que o CDS é hoje”, considerando que o autarca João Gonçalves Pereira tinha desferido um “rude golpe na memória, na história e no ADN do CDS”.

O ex-dirigente nacional defende que “convém saber que CDS temos – se o CDS barricado no Palácio de Cristal [em Janeiro de 1975] que resistiu heroicamente contra as forças totalitárias da esquerda, ou o CDS que, através de um deputado, na qualidade de vereador, condecora uma associação constituída por homens que, por sua vontade, impediram a existência do CDS”.

Esta questão melindrou o presidente da Associação 25 de Abril que na carta a Sampaio Pimentel dá conta do seu envolvimento pessoal em dois momentos diferentes e difíceis para o CDS.

O tenente-coronel Vasco Lourenço revela que interveio “pessoalmente no sentido de resolver o problema do cerco ao Palácio de Cristal, feito por forças da extrema esquerda” e declara que “grande parte” dessas pessoas “estarão hoje nos partido da direita, quem sabe se no próprio CDS (…)”.

O outro episódio tem a ver com a campanha eleitoral para a Assembleia da República, realizadas em 25 de Abril de 1976 (as primeiras eleições feitas sob a égide da Constituição da República) e que envolveu Basílio Horta. Conta Vasco Lourenço que nessa altura recebeu no seu gabinete, enquanto comandante da Região Militar de Lisboa, Basílio Horta, na sua qualidade de dirigente do CDS.

“Nessa audiência, Basílio Horta apresentou-me o receio do seu partido de que o comício previsto para o Campo Pequeno, em Lisboa, pudesse acontecer o mesmo que aconteceu no Palácio de Cristal, no Porto”, escreve, revelando que lhe disse que “podia estar descansado, que podiam realizar o comício com toda a segurança, pois na região militar por mim comandada não permitiria quaisquer limitações às liberdades de um partido democrático”.

“Apesar de receoso, Basílio Horta agradeceu-me e o CDS organizou e realizou o comício com toda a segurança”, refere Vasco Lourenço.

A carta termina: “Espero ter contribuído para ajudar o senhor Manuel Sampaio ou a refrescar-lhe a memória da história do ADN do seu partido, o CDS, ou a fornece-lhe elementos para melhor a compreender”.

 

 

 

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