Vasco Lourenço diz que se houvesse condições já estaria a preparar outra revolução

Capitão de Abril declara que Governo está "vendido à finança internacional" e que "já se justificava pôr cobro" à situação actual.

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A associação apresentou hoje um manifesto intitulado “Abril não desarma”, lido por Vasco Lourenço Daniel Rocha

Em dia de debate entre militares sobre o futuro das Forças Armadas, o presidente da Associação 25 de Abril diz ter a esperança de que "os portugueses sejam capazes de correr" com os membros do executivo. E argumenta que se houvesse condições já estaria a preparar uma nova revolução.

Por iniciativa de diversas entidades socioprofissionais, os militares decidem na tarde desta quarta-feira, no Pavilhão de Desportos de Almada, novas diligências e acções contra a política do Governo, que pretende cortar 218 milhões em dois anos, 40 milhões dos quais ainda este ano. Um dos moderadores da tarde será Vasco Lourenço, capitão de Abril que, horas antes do encontro, disse em declarações à TSF que o país está a caminho do abismo. Lança também duras críticas aos membros do Governo, considerando que já se justificava derrubar o executivo de Passos Coelho.

"[É um Governo] vendido à finança internacional, que não é nada patriota, antes pelo contrário", avalia Vasco Lourenço. "A minha esperança é que os portugueses sejam capazes de correr com eles e de os levar até à prisão, porque os crimes que estão a cometer não devem ficar impunes", acrescenta.

"Se sentisse que havia condições eu já estaria a preparar outro [25 de Abril]. Sinto que não há condições para isso, sinto que se justificava pôr cobro a esta situação de ilegitimidade."

Ainda à TSF, o general Garcia Leandro diz que nunca encabeçaria um movimento de tamanha ruptura, mas não esconde a sua desilusão com o poder político e, em concreto, com o ministro da Defesa, Aguiar-Branco. "Ele não sabe o que está a fazer, não sabe o que é o país", diz o general, acrescentando: "Não conheço ninguém que tenha confiança nele. (...) Ele quer destruir as Forças Armadas."

Ao PÚBLICO, António Pereira Cracel, dirigente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, considerou que "os militares e as Forças Armadas têm vindo a ser minimizados no seu papel". Lima Coelho, dirigente da Associação Nacional de Sargentos, critica por seu lado a oportunidade da divulgação de uma sondagem da Universidade Católica em que 43% dos inquiridos consideram que o número de efectivos militares deve diminuir. "Essa sondagem é oportuna porque serve determinados objectivos do Governo", afirma.

Na tarde desta quarta-feira, em dois períodos distintos, haverá debate entre militares na reforma e reserva, e no activo. O primeiro período é das 15h às 17h e o segundo irá das 18h às 23h.
 

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