Um Parlamento com estreias, regressos e despedidas

É um novo hemiciclo, quase sem novos partidos mas com várias estreias. O PS é o partido que leva mais deputados novos e de fora da política.

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O único partido que se estreia no Parlamento, com um deputado, é o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) Rui Gaudêncio

Quando a nova Assembleia da República tomar posse, no fim de Outubro, na primeira fila do hemiciclo sentar-se-ão Pedro Passos Coelho e António Costa. O presidente do PSD e líder da coligação Portugal à Frente estará já na condição de primeiro-ministro indigitado, que tomará posse nesse mesmo dia. O segundo na qualidade de líder do principal partido da oposição, o PS.

Este regresso de António Costa a São Bento como deputado será marcante no novo Parlamento. Bom orador, bom deputado, António Costa tem uma vasta experiência parlamentar, tendo sido já líder da bancada e secretário de Estado e depois ministro dos Assuntos Parlamentares.

Na primeira fila do hemiciclo estará também o segundo líder da coligação Portugal à Frente e presidente do CDS, Paulo Portas, que ao que tudo indica continuará como vice-primeiro-ministro. Igualmente assumindo o mandato de deputado estarão vários membros do Governo cessante que foram eleitos pela coligação: Maria Luís Albuquerque, Paula Teixeira da Cruz, Teresa Morais, Assunção Cristas, Berta Cabral, José Pedro Aguiar-Branco, Jorge Moreira da Silva, Luís Marques Guedes, Luís Pedro Mota Soares, João Almeida, Pedro Lomba, Vânia Dias da Silva.

Alguns dos quais poderão ocupar os seus lugares durante poucas horas, integrando de novo o executivo. Caso paradigmático é o de Maria Luís Albuquerque, de quem Passos Coelho, durante a campanha, deu a entender que seria mantida como ministra das Finanças, ao afirmar que tinha já decidido o que iria fazer nesse domínio.

Mas é sabido que Paula Teixeira da Cruz não deseja voltar a integrar o executivo. Assim com se sabe que a ex-ministra pretende sentar-se em São Bento para aí conduzir o seu combate pela aprovação de leis anticorrupção, como a do enriquecimento ilícito. E há no PSD quem considere que ela até pode ser presidente da Assembleia da República.

No novo Parlamento há várias estreias em todas as bancadas. Mas goraram-se muitas das expectativas quanto aos novos partidos. Apenas o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) elege André Lourenço e Silva. Nem o Livre/Tempo de Avançar elegeu Rui Tavares. Nem o PRD conseguiu eleger Marinho e Pinto ou Sousa Castro.

Ao nível dos pequenos partidos, saliente-se o crescimento do BE de 8 para 19 deputados, uma subida que promove a estreia de Joana Mortágua. Já a CDU, que sobe de 16 para 17 deputados, não estreia figuras mediáticas.

Na coligação há algumas novidades. Refira-se que Sara Madruga da Costa substitui Guilherme Silva como deputada pela Madeira. Sublinhe-se ainda o regresso a São Bento de Manuel Frexes, ex-sub-secretário de Estado da Cultura no último Governo de Cavaco Silva. E ainda a estreia na bancada do PSD de Margarida Mano, ex-vice-reitora na Universidade de Coimbra.

Outra novidade é a entrada pela no hemiciclo de São Bento de Miguel Morgado, assessor político de Pedro Passos Coelho no Governo cessante e que tem no currículo o facto de ter sido autor dos discursos de Passos, ou seja, o delineador das linhas gerais discursivas sobre as quais improvisa o primeiro-ministro cessante. Também ao nível das estreias surgem na coligação, por proposta do CDS, duas novas deputadas: Mariana Ribeiro Ferreira e Ana Paula Bessa.

Mas onde as estreias parecem mais numerosas é na bancada do PS, que protagoniza ainda alguns regressos de famosos: Maria da Luz Rosinha, Edite Estrela e Joaquim Raposo. E também da deputada constituinte Helena Roseta, que era apontada como uma hipótese de candidata à presidência da Assembleia da República, assim como Eduardo Ferro Rodrigues, caso o PS tivesse ganho.

Quanto ao PS, que passa de 74 para mais de 80, os socialistas elegeram vários académicos e investigadores: Helena Freitas, vice-reitora na Universidade de Coimbra e ex-presidente da Liga Portuguesa da Natureza, Alexandre Quintanilha, investigador jubilado do Instituto Abel Salazar, Tiago Brandão Rodrigues, investigador em oncologia em Oxford.

Também professores universitários mas na área da economia o PS estreia três nomes: Mário Centeno, quadro do Banco de Portugal e o responsável pelo documento macroeconómico que esteve na base do programa do PS. E ainda Paulo Trigo Pereira. Da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra mas especialista em Direito e Administração Pública entra Maria Manuel Leitão Marques, que já foi secretária de Estado em Governos socialistas mas nunca deputada.

Além do regresso de Maria da Luz Rosinha ao Parlamento, saliente-se que pela primeira vez se sentam em São Bento como deputados vários membros da direcção de António Costa: Fernando Rocha Andrade, Graça Fonseca, Porfírio Silva, Margarida Marques, Susana Amador e Pedro Bacelar de Vasconcelos. Como deputado pela primeira vez senta-se também Eurico Brilhante Dias, um dos braços-direitos de António José Seguro. 

Notícia corrigida às 17h27 Ana Sofia Antunes, presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, não foi eleita. Era a 19:ª da lista do PS por Lisboa, onde os socialistas elegeram 18 deputados.

Resultados completos e comparativo com 2011

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