Um conselho de ministros ao lado de um casamento

Protestos à chegada do Executivo ao Mosteiro de Alcobaça

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ENRIC VIVES-RUBIO
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Quando o Carlos e a Cátia resolveram dar o nó e escolher o dia do casamento não imaginavam que a sua entrada no mosteiro de Alcobaça coincidiria, com uma diferença de apenas três minutos, com a da chegada do chefe do Governo, Passos Coelho, que ali foi presidir a um conselho de ministros. Mais: estavam longe de pensar que a sua subida ao altar teria como pano de fundo os gritos, bastante agressivos, de algumas dezenas de manifestantes que protestavam contra o Governo.

Apesar dos protestos, a chegada dos membros do Executivo ao mosteiro de Alcobaça decorreu como previsto, com o presidente da Câmara, o social-democrata Paulo Inácio, a receber um a um os ministros, que eram vaiados à medida que os carros pretos paravam em frente ao monumento. A Orquestra Típica e Coral de Alcobaça, que dava as boas vindas aos governantes, praticamente não se ouvia perante o ruído de fundo dos manifestantes. Naturalmente, as vaias maiores foram para Passos Coelho, Vítor Gaspar, Álvaro Santos Pereira e Paulo Portas. "Demissão", "gatunos" e "o povo unido jamais será vencido" foram os slogans mais ouvidos.

Num conselho de ministros que se pretende informal, nenhum dos seus membros trouxe gravata, mas Passos Coelho foi o único que se apresentou sem casaco. No claustro D. Dinis, já dentro do mosteiro, e longe do ruído de fundo, Paulo Inácio, recordou que o mosteiro estava na génese da nacionalidade e do próprio ensino universitário em Portugal, e que nele se tomaram outrora grandes decisões para o futuro do país, pelo que agora desejava que este espaço fosse inspirador para as deliberações que hoje ali fossem tomadas.

Passos Coelho respondeu que também esperava que estas paredes seculares inspirassem a reunião que iria presidir e referiu o simbolismo desta se realizar a meio do mandato do Governo e quando falta apenas um ano para Portugal sair do programa de assistência financeira. Razões, disse, para pensar o futuro do país no período pós-troika.
Após uma ginja de honra no claustro do mosteiro, tomada em ambiente também informal, os ministros (com excepção de Crato que se encontra no estrangeiro), fecharam-se no Sala do Capítulo. Uma sala que, segundo explicou o autarca Paulo Inácio ao PÚBLICO, era o local onde os monges escreviam, ou seja, uma das mais nobres do mosteiro.

Enquanto decorre o conselho de ministros, a parte habitualmente visitável do mosteiro está encerrada ao público, mas não o templo principal, no qual decorre o casamento do jovem casal alcobacense e que continua a ser visitado por turistas. Jean Noel e Cristel, um casal de Toulouse, ficou espantado ao chegar a Alcobaça e ver tanta polícia, mas logo lhe explicaram que iria ali estar o primeiro-ministro de Portugal. Por entre seguranças e jornalistas entraram calmamente na igreja para ver os túmulos de Pedro e Inês, mas não quiseram ficar para ver o Governo. Saíram, rumo à Batalha, ainda antes de se iniciarem os protestos.

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