O Twitter ligou cidadãos ao Provedor de Justiça Europeu

O Ano Europeu dos Cidadãos foi o mote para um debate online que pôs os líderes europeus à distância de um tweet.

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A conferência "É a nossa Europa, vamos tornar-nos activos", realizada esta terça-feira a partir de Bruxelas, chegou aos 27 países da União Europeia (UE) através do Twitter, uma rede social de troca de mensagens, e centrou-se nos desafios que se colocam à cidadania participativa.

Às 8h30 da manhã a sala de conferências do Gabinete de Informação Europeia em Portugal encheu-se, maioritariamente de jovens, para assistir à transmissão em directo do Parlamento Europeu e conversar com alguns dos mais altos representantes da UE, entre eles o Provedor de Justiça Europeu, a vice-presidente do Parlamento Europeu e os vice-presidentes da Comissão Europeia.

Nikiforos Diamandouros, Provedor de Justiça Europeu – cuja função é investigar queixas contra instituições, órgãos e agências da UE, abriu o debate relembrando que em 2014 haverá eleições para o Parlamento Europeu. Para Diamandouros, num momento em que a UE atravessa a pior crise da sua história, e em que “todos os dias recebemos más notícias”, é fundamental trazer os cidadãos para o debate procurando “falar com eles e não sobre eles”.

A conferência de esta terça-feira utilizou o Twitter para aproximar os cidadãos de alguns líderes europeus. As questões, que podiam ser dirigidas a qualquer um dos representantes da UE presentes no debate, só tinham de responder a um pré-requisito: ter, no máximo,140 caracteres, o limite permitido pela rede social.

A primeira pergunta a ser respondida directamente pelos líderes europeus foi a do PÚBLICO. Questionados sobre se a crise económica poderia matar definitivamente a cidadania europeia, as respostas mostraram que os receios assolam também aqueles que diariamente convivem com os destinos da União.

“Se pode acabar com a cidadania europeia? Pode. E, se não a matar, mata a confiança”, disse Viviane Reding, vice-presidente da Comissão Europeia.

Reding considerou que é crucial reconhecer e aprender com os erros do passado e combater o défice de participação pública dos cidadãos. A vice-presidente da Comissão adiantou ainda que “o sentimento europeu está numa má situação devido à crise” e que a Europa, “mesmo que não seja culpada de tudo, é vista como se fosse”.

Para Viviane Reding, o momento é particularmente complexo uma vez que os partidos de extrema-direita e extrema-esquerda, tradicionalmente anti-europeístas, “pedem um retorno às políticas nacionais argumentando que a organização comum não funciona”.

Alessandra Mirabile, do movimento Fraternidade 2020 e Didier Caluwaerts, do movimento de cidadãos G1000, inverteram o tradicional ângulo de abordagem e defenderam que a actual crise económica deve ser encarada como uma oportunidade para os cidadãos ganharem voz no projecto europeu e, através da participação, consolidarem a cidadania europeia.

“As crises são uma espécie de incentivo para a tomada de decisões, para que os cidadãos se levantem e mostrem que não estão dependentes dos políticos e do financiamento público”, vincou Didier Caluwaerts.

A falta de confiança dos cidadãos nas instituições e no projecto europeu foi um dos temas amplamente discutidos. Isabelle Durant, vice-presidente do Parlamento Europeu, frisou que há actualmente “muita raiva na UE” e que esta só poderá ser combatida “se os cidadãos forem ouvidos”. Para consegui-lo, pede uma democracia mais participada e deixa um pedido aos deputados e jornalistas dos diferentes estados-membros: falar mais de assuntos europeus, única forma de quebrar a imagem de uma “Europa fechada e arrogante”.

A conferência ficou ainda marcada pela evacuação do edifício quando os representantes da UE estavam a fazer os discursos de abertura. Um erro técnico terá accionado o alarme de incêndio que obrigou a interromper a sessão durante cerca de dez minutos.

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