Terça-feira haverá estratégia orçamental, mas não medidas

Governo reúne-se no último dia do mês porque ainda não conseguiu fechar documento exigido por Bruxelas. Os últimos conselhos de ministros têm sido azedos.

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As últimas reuniões do Conselho de Ministros têm acentuado as divisões Nuno Ferreira Santos

O semestre europeu exige e o Governo português quer cumprir: o Documento de Estratégia Orçamental vai mesmo ser entregue a Bruxelas e à Assembleia da República até ao fim do último dia de Abril, terça-feira. Mas esse documento não deverá incluir a concretização detalhada das medidas propostas nem a sua quantificação, apurou o PÚBLICO.

As medidas para fazer face ao chumbo do Tribunal Constitucional e à derrapagem orçamental e a sua quantificação a curto prazo ficam, assim, remetidas para o Orçamento Rectificativo, a apresentar até 15 de Maio. E se este já era o calendário do Governo, os últimos acontecimentos vieram mostrar que não podia ser de outra forma.

As últimas reuniões do Conselho de Ministros têm acentuado as divisões internas sobre as medidas a tomar, essencialmente dentro do PSD. E a última, realizada na sexta-feira, tornou as decisões ainda mais difíceis.

Segundo o Expresso online noticiou ao início da madrugada deste sábado – informações até agora não desmentidas -, algumas das propostas mais radicais das Finanças, nomeadamente no que toca a cortes nas pensões e salários estão a ser recusadas com determinação por alguns ministros.

O Expresso fala de Paula Teixeira da Cruz, Miguel Macedo e José Pedro Aguiar-Branco, a que se juntou Paulo Portas, que chegou mais tarde. Mas o PÚBLICO sabe que também Paulo Macedo contestou algumas propostas de Vítor Gaspar, elevando para cinco os ministros contestatários – quase metade do Governo e um dos seus principais pilares: o líder do CDS.

Por outro lado, ao que apurou o PÚBLICO, há um outro sinal de grande preocupação no Governo. Pela primeira vez, na reunião extraordinária da passada terça-feira, ficou visível alguma falta de sintonia entre Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar. O primeiro-ministro não terá abençoado, como antes, todas as propostas do ministro das Finanças.

Para algumas pessoas ouvidas pelo PÚBLICO será mais fácil Passos Coelho deixar cair Gaspar do que permitir a quebra da coligação.
 

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