Teixeira dos Santos diz que "nunca foi abordado por ninguém" para integrar listas do PS

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Teixeira dos Santos foi “número dois” pelo Porto nas últimas eleições Nuno Ferreira Santos/arquivo

O PS "não colocou a questão de Teixeira dos Santos ser convidado para integrar as listas" de candidatos a deputados, disse ontem Vieira da Silva, no final da reunião da comissão política que debateu e aprovou as listas. Mas o partido também não perguntou ao ministro das Finanças se pretendia ou não integrar qualquer lista, nem sequer a do Porto, pela qual concorreu em segundo lugar nas eleições de 2009. Isso mesmo foi dito ao PÚBLICO, por escrito, pelo gabinete do ministro de Estado e das Finanças: "O professor Teixeira dos Santos nunca foi abordado, por ninguém, para fazer parte das listas."

A ausência de qualquer contacto ou convite foi também apontada por Vieira da Silva, dirigente socialista responsável pelo processo de elaboração das listas, que sustentou a decisão como uma "opção" do partido. "São convidadas umas centenas de pessoas e muitos milhares não são convidados", disse, citado pela agência Lusa. Perante a insistência dos jornalistas, atentou na "enorme importância" de Teixeira dos Santos no Governo, mas lá foi dizendo que "todas as coisas na vida mudam, as coisas começam e acabam e é um acto normal ter acabado".

Vieira da Silva falou também na ausência de Luís Amado, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Mas distinguiu (até no tom) este caso do de Teixeira dos Santos, notando que Amado, o seu "camarada", "há muito tempo tinha manifestado a vontade de não continuar com este tipo de intensidade e de inserção na vida política."

Dentro da comissão política, terá sido, contudo, a exclusão de Jorge Strecht Ribeiro de qualquer lista de candidatos que originou mais contestação. Francisco Assis, cabeça de lista pelo Porto, e Alberto Martins, que ocupa o segundo lugar, questionaram a direcção de José Sócrates sobre a ausência daquele deputado (um histórico, eleito desde 1995) do rol de nomes pelo Porto. E ouviram argumentos sobre o limite das candidaturas propostas pelas quotas nacional e distrital, mas não terão ficado satisfeitos. Até porque nesta mesma lista faltava o capitão de Abril Marques Júnior, cuja saída foi explicada por Vieira da Silva aos jornalistas novamente pela "limitação ao nível do número de candidatos" e pela necessidade de "renovação".

Numa alteração de última hora, Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura saltou do 3.º lugar pelo Porto para a lista de Braga, tendo sido substituída por Isabel Santos. Mas as mudanças feitas à pressa não se ficaram por aqui: numa clara decisão de recuo, a direcção de Sócrates optou por "recuperar" Ana Paula Vitorino (já excluída do Secretariado Nacional) e colocou-a no 6.º lugar pelo Porto; e ainda remeteu Celeste Correia, eleita desde 1991 por Lisboa e primeira-secretária da Assembleia da República, para o 18.º lugar também pelo Porto (um lugar não elegível, aliás). Nesta lista de candidatos, refira-se, figura ainda em lugar elegível André Figueiredo, chefe de gabinete do líder do PS, e o novo "homem do aparelho" socialista, sucessor de Jorge Coelho e Marcos Perestrello. Este último é o 5.º nome por Lisboa, cuja lista, encabeçada por Ferro Rodrigues, apresenta nove candidatos escolhidos por Sócrates, entre os quais se encontram as independentes Inês de Medeiros e Isabel Moreira (constitucionalista). Igualmente fora de qualquer lista ficaram as deputadas independentes Teresa Venda e Maria do Rosário Carneiro, cujo Movimento Humanismo e Democracia foi recentemente informado por Sócrates de que o acordo político com os socialistas tinha chegado ao fim.

Ao fim de duas horas de reunião, a comissão política aprovou todas as listas por maioria, tendo sido registado o maior número de abstenções na votação dos candidatos por Leiria, cuja lista é encabeçada por Basílio Horta, ex-dirigente do CDS.

Notícia substituída às 12h58 de 21 de Abril
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