“Votaria em Isaltino?”, pergunta-se, pelo telefone, em Oeiras

A mais de um ano das eleições locais, está a decorrer uma sondagem aos munícipes de Oeiras sobre a conduta do actual e do anterior presidentes da câmara e sobre as suas hipóteses no futuro.

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Isaltino Morais foi eleito pela primeira vez em 1985 Rui Gaudêncio
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Paulo Vistas gere a câmara desde 2013 Nuno Ferreira Santos

Desde a passada quinta-feira, munícipes do concelho de Oeiras têm sido perguntados telefonicamente sobre a notoriedade do actual presidente da câmara, Paulo Vistas, e do seu antecessor Isaltino de Morais. Trata-se de um inquérito, cuja paternidade não é assumida nem por Isaltino, nem por Vistas.

A primeira pergunta, segundo um dos inquiridos referiu ao PÚBLICO, aponta claramente para um estudo de opinião. “Votou nas últimas eleições [autárquicas]?”, é a questão colocada. De seguida, é perguntado o nível de estudos do interlocutor. Seguem-se interrogações que, em todos as sondagens, definem a tipologia do inquirido – género, classe social e formação –, e são indispensáveis à interpretação da grelha.

Vem, depois, uma bateria de perguntas mais explícitas e directas. “Votaria em Isaltino?” é uma delas, a que se sucede outra interrogação, com uma formulação ligeira e sintomaticamente diferente. “Votaria em Paulo Vistas com o apoio de Isaltino?”, relata um dos munícipes inquiridos.

Existe, ainda, um desdobramento desta pergunta, mantendo o protagonista – o actual autarca de Oeiras – e uma diversidade de cenários de apoios políticos a uma sua eventual candidatura nas autárquicas de 2017: com apoio partidário ou na condição de independente.

O mesmo tipo de questionário é também feito sobre o anterior presidente do município e fundador do movimento “Isaltino, Oeiras mais à frente”. O desempenho dos dois autarcas é objecto de perguntas, sendo os munícipes questionados pelas iniciativas dos dois na Câmara Municipal de Oeiras.

“Fiquei com a ideia de que se procurava, ao mesmo tempo, determinar qual a notoriedade de Vistas face a Isaltino, e da avaliação da obra feita”, sintetizou a este jornal um dos inquiridos.

“Tive conhecimento dessas chamadas ontem [domingo] por várias pessoas de Miraflores, mas não sei de quem é a iniciativa”, disse, ao PÚBLICO, Isaltino de Morais. Contudo, não deixou de admitir duas possibilidades: “deve ser encomendado pelo dr. Paulo Vistas ou por um partido político, eu não encomendei nada e o meu nome aparecer foi uma surpresa.”

Isaltino admitiu, contudo, vir a pronunciar-se sobre as candidaturas a Oeiras, depois de num primeiro momento ter preferido a prudência: “qualquer coisa que eu dissesse ia gerar uma campanha eleitoral, que não quero”.

“O dr Paulo Vistas nada tem a ver com a promoção desse inquérito”, afirmou, por fim ao PÚBLICO, o porta-voz oficial da Câmara Municipal de Oeiras.

Recorda-se que entre Paulo Vistas e Isaltino de Morais, máximos dirigentes do movimento independente de suporte à lista autárquica, existe um afastamento, que é recente.

A 29 de Setembro de 2013, porém, na noite em que venceu as eleições locais com 33,45 por cento dos votos, encabeçando o movimento fundado por Isaltino, Vistas não deixou de referir “um enorme privilégio e uma honra suceder àquele que foi considerado o melhor autarca do país”.

O presidente reeleito falava no palco da sua sede de candidatura à frente de uma fotografia onde surgia ao lado de Isaltino, escolhido para cabeça de lista do movimento à Assembleia Municipal de Oeiras.

Nessa madrugada, junto ao Estabelecimento Prisional da Carregueira (Sintra), onde Isaltino de Morais se encontrava a cumprir pena de prisão desde o dia 24 de Abril, vários munícipes celebraram, de carro e com buzinadelas, a vitória de Paulo Vistas. Isaltino reagiu atirando jornais a arder pela janela da sua cela.

A primeira vez que Isaltino de Morais foi eleito para a Câmara Municipal de Oeiras pelo PSD corria o ano de 1985. Tomou posse em 1986 e ficou até 2001, altura em que venceu com 55 por cento dos votos. Depois disso, ainda avançou mais três vezes, sempre como independente. E venceu. Só em 2013 viria a passar a pasta a Paulo Vistas, seu antigo vice-presidente, depois de ter sido obrigado a suspender o mandato na sequência da sua prisão.

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