Sócrates nega acusação do PCP de que nacionalização do BPN queria salvar accionistas

O primeiro-ministro, José Sócrates, rejeitou a acusação do líder comunista de que a nacionalização do BPN pretendeu proteger os accionistas do banco, mas foi uma medida "patriótica para defender a economia" nacional.

José Sócrates respondia a Jerónimo de Sousa durante o debate quinzenal no Parlamento, dedicado às políticas económicas, depois de o secretário-geral do PCP ter criticado o que disse ser "a nacionalização, entre aspas" do BPN, que pretendeu "nacionalizar os custos, os prejuízos e tentar salvar aqueles que fizeram a vigarice, andaram durante anos a depauperar essa instituição".

O primeiro-ministro respondeu que a medida teve como objectivo não "salvar accionista nenhum, mas salvar os depósitos dos portugueses". "Destinou-se a evitar que uma situação trágica resultante de uma gestão muito duvidosa pudesse ter uma consequência negativa em todo o sistema financeiro", disse Sócrates, para quem "o governo fez o que devia, de forma patriótica, para defender a nossa economia, o interesse dos portugueses, o seu sistema financeiro, a liquidez e o acesso ao crédito por parte de muitas empresas, mas não o fez com o intuito de defender accionista nenhum, porque nenhum vai receber nenhuma indemnização a propósito do BPN".

O primeiro-ministro também rejeitou a proposta do PCP de congelar os preços da energia, considerando que tal medida seria "um erro" e "oneraria os contribuintes". Jerónimo de Sousa desafiou o Governo a aceitar esta proposta do PCP que, disse, seria "uma medida de grande fôlego para a indústria e a energia".

"Para termos empresas eficientes, se nós queremos limitar os preços da energia, então teremos que compensar essas empresas com o dinheiro dos contribuintes", justificou José Sócrates, que acrescentou não acreditar também nas soluções de nacionalização das empresas, defendida pelos comunistas e pelo Bloco de Esquerda. Essas medidas, sustentou, "conduzem à miséria, ao declínio económico, ao atraso e subdesenvolvimento", defendendo antes "o projecto europeu, de quem aceita um mercado regulado por um Estado forte".

"Erro, senhor primeiro-ministro. O problema não está no dinheiro dos contribuintes, está no lucro dos grandes accionistas, que têm como fase terminal o seu bolso, não é para investir e para desenvolver a nossa economia", reagiu Jerónimo de Sousa.

O líder comunista acusou ainda o Governo de "falhanço rotundo" e de ter uma "visão conformista" no combate ao "disparo do desemprego", acusações que o primeiro-ministro recusou, dizendo antes ter "um sentido de responsabilidade da época" actual, "cerrando muitas vezes os dentes e prosseguindo numa direcção para apoiar as empresas e as famílias".

O secretário-geral do PCP elogiou ainda o aumento do salário mínimo em 2010 para 475 euros, hoje anunciado pelo primeiro-ministro, dizendo que "tem um grande relevo social", com José Sócrates a destacar que o PCP foi o único partido da esquerda a comentar a medida.

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