Sócrates lembra “vida plena, enérgica e generosa” de Chávez

O ex-primeiro-ministro, numa mensagem, destacou a amizade entre Venezuela e Portugal.

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Sócrates destacou "uma vida cheia de incertezas, de desafios e de riscos" Jorge Silva/Reuters

O ex-primeiro-ministro português José Sócrates recordou nesta quarta-feira o venezuelano Hugo Chávez como um “Presidente carismático no seu país” e que “deixou sempre as provas mais evidentes de grande amizade por Portugal e pelos portugueses”.

Numa declaração escrita, enviada ao PÚBLICO, o socialista José Sócrates lembra a “vida plena, enérgica e generosa” do líder venezuelano, que morreu na terça-feira em Caracas. Chávez não resistiu às complicações de uma quarta cirurgia a um cancro que lhe foi diagnosticado no Verão de 2011. Um ano depois, a 11 de Dezembro, foi operado pela última vez em Havana, tendo regressado ao país em Fevereiro deste ano, quase cinco meses depois de ter sido reeleito para o seu terceiro mandato, em 7 de Outubro.

“Uma vida de vontade, consagrada à acção e ao que esta tem de início, de surpreendente, de inatendido. Uma vida com os outros, ao lado dos outros, com a ambição da justiça própria de quem sempre teve uma visão optimista da natureza humana”, afirmou Sócrates na mensagem. Por outro lado, o antigo chefe do Governo português referiu-se também a “uma vida cheia de incertezas, de desafios e de riscos, própria de quem nunca temeu a responsabilidade da sua liberdade e da sua vontade”.

Para Sócrates, Hugo Chávez assumiu-se como “autor da sua própria biografia”, levando uma vida intensa, sempre optimista e confiante. É ao recordar esta forma de viver, que o socialista acredita que o povo venezuelano encontrará aí “alívio e conforto para o seu sofrimento” e reforça que este “sentimento de tristeza” une os dois povos.

“Pela minha parte, apresento à sua família e ao povo venezuelano as minhas condolências e junto-me a eles na partilha da dor e no recolhimento que o seu desaparecimento tão prematuro nos provoca”, rematou.

A boa relação entre Chávez e Sócrates era, aliás, conhecida e motivou vários encontros entre os dois. Chávez chegou mesmo a referir-se à “amizade eterna” com Sócrates no final de uma visita a Caracas em 2010. Antes disso, no mesmo ano, Chávez esteve no Porto para ajudar o “amigo Sócrates num momento difícil para Portugal”, disponibilizando para isso vários acordos para negócios entre os dois países, tendo começado também em 2009 a encomendar ao país computadores “Magalhães”. Quando o “bom amigo” renunciou ao cargo, em Março de 2011, o Presidente da Venezuela lamentou a decisão e destacou os esforços do socialista para recuperar a economia portuguesa.

Chávez, que morreu com 58 anos, desde que regressou à Venezuela em 18 de Fevereiro, ficou internado no Hospital Militar de Caracas e não chegou a tomar posse como Presidente, ficando o lugar assegurado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, numa decisão autorizada pela Justiça venezuelana, apesar dos protestos da oposição. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela anunciou que Nicolás Maduro assumirá formalmente as funções de Presidente interino e que dentro de 30 dias haverá eleições.

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