"Sintonia perfeita" entre Costa e Cordeiro traduziu-se em acordos

Primeiro-ministro iniciou visita oficial aos Açores com um vasto leque de acordos, destacando-se o plano para a revitalização da ilha Terceira.

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Nuno Ferreira Santos

Uma "sintonia perfeita" entre o primeiro-ministro e o presidente do governo regional dos Açores permitiu esta sexta-feira fechar vários dossiers pendentes entre a República e aquela região autónoma, com destaque para o plano de revitalização da Ilha Terceira.

No primeiro dos três dias da visita de António Costa ao arquipélago açoriano, o primeiro-ministro anunciou um conjunto de iniciativas para dar resposta aos impactos negativos da retirada progressiva do efectivo norte-americano da Base das Lajes. À cabeça, explicou Costa no final da reunião entre os dois executivos, que decorreu no Palácio dos Capitães Generais, em Angra do Heroísmo, está o financiamento, por via do Fundo Nacional do Turismo, de várias acções para dinamizar e promover a Terceira.

Medidas, precisou o primeiro-ministro, diversificadas e de "largo espectro" que tem na criação de duas novas rotas low-cost a face mais visível. "O plano inclui criação de duas novas rotas low-cost a partir do Porto e de Lisboa para a ilha Terceira, com duas rotações a partir do Porto e quatro a partir de Lisboa", disse Costa aos jornalistas, no final do encontro que contou com todos os secretários regionais e sete ministros do executivo.

A resposta de Lisboa às pretensões de Ponta Delgada, expressas no Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira (PREIT), passa também por uma candidatura do Porto da Vitória ao Plano Juncker, no sentido de "afirmar a sua centralidade" no plano transatlântico. A isto, Costa juntou o desenvolvimento de um pólo científico, aproveitando as infra-estruturas existentes na base aérea, que englobe a universidade local e instituições norte-americanas, prometendo apoio para projectos de captação de investimento e "esforços" na certificação das Lajes para uso civil.

O presidente do governo açoriano, Vasco Cordeiro, ouviu e gostou.  “Foi uma reunião muito produtiva e bastante importante, porque permitiu, num conjunto variado de áreas, fechar assuntos que são de grande importância para os Açores", afirmou, dizendo que os dois governos estão num "clima de sintonia perfeita".

"Não estamos sempre de acordo na solução última para cada problema, mas há um elevado espírito de cooperação", realçou Cordeiro, mostrando-se satisfeito pelo PREIT – "um documento estratégico e orientador" – entrar finalmente numa fase de "concretização".

O encontro, longo, no qual participaram os ministros Adjunto (Eduardo Cabrita), da Saúde (Adalberto Campos Fernandes), da Defesa (José Azeredo Lopes), da Ciência e Tecnologia (Manuel Heitor), dos Negócios Estrangeiros (Augusto Santos Silva), do Planeamento e das Infra-estruturas (Pedro Marques), do Mar (Ana Paula Vitorino) e a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, serviu também para fechar acordo noutras questões pendentes entre a região e a República, como a gestão do mar.

"Foi o ponto final no contencioso que marcou o passado”, sublinhou Costa, lembrando a decisão do Tribunal Constitucional no sentido de conferir mais competências e direitos aos Açores na gestão da sua zona económica exclusiva. Neste capítulo, anunciou o primeiro-ministro, será constituído o Centro de Observação Oceânica, de forma a "reforçar" a política do mar para o país.

Os dois executivos avançaram também noutros temas, como os da segurança interna. Uma antiga pretensão açoriana passa por um novo estabelecimento prisional em Ponta Delgada. Ficou acordado que o governo regional cederia o terreno e Lisboa faria a obra. "Registo com agrado esta solução", disse Costa, acrescentando que uma resposta idêntica foi encontrada para fazer face aos problemas relacionados com as forças de segurança no arquipélago: os Açores responsabilizam-se pelas obras de melhoria nas diversas esquadras, e o Estado irá "assegurar a dotação dos recursos humanos adequados".

Todos estes compromissos irão constar na declaração conjunta que os dois governos vão fazer este sábado, já na ilha do Faial, para onde a comitiva viaja ao início da manhã, depois de ter passado a tarde de sexta-feira na Graciosa.

No Faial, Costa vai apresentar cumprimentos à presidente do parlamento regional, Ana Luís, rumando depois para São Miguel, onde vai encontrar-se com industriais e representantes das federações da pesca e da agricultura. A visita do primeiro-ministro termina no domingo, Dia do Trabalhador, com um encontro com centrais sindicais açorianas.

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