Serviços de segurança afirmam não ter indícios da presença de jihadistas em Portugal

Alertas sobre alguns indivíduos entre os serviços de informação e polícias são comuns desde o conflito na Síria.

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Os serviços de segurança não têm indícios da presença de jihadistas relacionados com os atentados de 13 de Novembro de Paris em Portugal. O PÚBLICO apurou que, desde há meses, são comuns os alertas preventivos entre vários serviços de segurança europeus e do espaço Schengen, incluindo os serviços de informações de diversos países, sobre indivíduos suspeitos de envolvimento com o autoproclamado Estado Islâmico (EI) e de terem actuado directa ou indirectamente na capital francesa.

“Há centenas de alertas preventivos em relação a determinados indivíduos difundidos pelas autoridades francesas e espanholas, trata-se de um modus operandi comum”, comentou um especialista. Em relação à existência de um alerta sobre o território nacional relativo a três indivíduos, entre os quais poderia estar o cabecilha dos massacres da noite de sexta-feira, 13 de Novembro, na capital francesa, tal informação não foi confirmada.

“Não há indícios de que estejam em fuga através do território nacional, pelo que não há qualquer ameaça ou perigo”, desdramatiza um responsável. O facto de haver intensa comunicação entre as polícias e serviços de informação europeus sobre os movimentos de jihadistas é considerado uma prática normal, bem anterior aos atentados de Paris.

Aliás, foi no âmbito desta natural troca de informações, como o PÚBLICO revelou em Novembro de 2014, que as autoridades britânicas alertaram Lisboa para a escala, no aeroporto da Portela, de jihadistas oriundos de Londres. A paragem em Portugal, onde tinham recuo na linha de Sintra – Mira Sintra, Mem Martins e Algueirão - fornecido por amigos dos portugueses que na Grã-Bretanha se radicalizaram e foram combater para a Síria, tinha o propósito de despistar os serviços de informação britânicos e da Turquia.

Os dois ou três dias em Lisboa, como turistas, antecediam uma viagem até Istambul, beneficiando das ligações directas das linhas aéreas turcas, uma vez por dia, de manhã, entre terça e sexta-feira, a que se juntam duas ligações, uma de manhã outra à tarde, aos sábados, domingos e segunda-feira.

O alerta britânico para a denominada “rota portuguesa”, a colaboração das autoridades de Lisboa e o aviso aos responsáveis turcos levou ao impedimento da entrada na Turquia destes europeus oriundos de Portugal. Para tal, as autoridades turcas alegaram irregularidades nos vistos ou nos procedimentos administrativos.

O facto de Portugal ter sido utilizado como recuo leva aos especialistas em terrorismo a considerar baixa a possibilidade de serem cometidos atentados em Portugal, como o expressou em recente entrevista apo PÚBLICO o general Loureiro dos Santos. Acresce, sublinham os mesmos peritos, que a comunidade muçulmana residente no nosso país – cerca de 50 mil pessoas – está integrada e longe dos padrões de radicalização que se verificam noutros países da Europa. O facto de Portugal ter um papel na estratégia antiterrorista europeia considerado por Loureiro dos Santos como recuado, embora solidário, não representa riscos adicionais.

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