Seguro promete reverter mais cortes que venham a ser aplicados a reformados
Líder socialista rejeita novos apelos ao consenso, no encerramento da universidade de Verão do PS.
Rejeição de mais cortes, ajuste de contas às mortes de bombeiros no combate aos incêndios e exigência de um mandato legal e multilateral para uma intervenção militar na Síria. O secretário-geral do PS, António José Seguro, encerrou a Universidade de Verão do partido, com uma resposta negativa aos novos apelos de consenso da maioria governativa, veiculados nos últimos dias.
Ainda que de forma velada, o líder socialista fechou essa porta ao anunciar a “firme oposição a mais cortes nas funções sociais do Estado” e também pela forma como atacou o primeiro-ministro.
Referindo-se à intenção de cortar mais de 4700 milhões de euros no Estado, Segurou reiterou que essa via só traria mais crise e “miserabilismo". Acusou o Governo de ter como objectivo “acabar com o Estado social” e de “dissimular” esse propósito. E foi até mais longe ao “assumir o compromisso” de que, caso o Governo avançasse com mais cortes sobre os idosos mais carenciados, com o PS no Governo iria “acabar com esse corte nas retenções”.
Seguro devolveu depois a Passos Coelho a responsabilidade de um eventual segundo resgate, aludindo à reacção do líder do Governo ao chumbo, pelo Tribunal Constitucional, da lei da requalificação da função pública.
“Não venha o primeiro-ministro com ameaças de segundo resgate. O segundo resgate que o primeiro-ministro periodicamente fala nada tem a ver com o Estado social”, afiançou para depois acrescentar que é “a incompetência e são as políticas erradas do Governo que colocam” o país “sob o risco de um segundo regate”.
Na sexta-feira, Pedro Passos Coelho, acenou com a ameaça de um segundo resgate. "Se não formos capazes, nos próximos meses, de sinalizar aos nossos credores esta reforma estrutural do Estado que garanta que a despesa baixa de uma forma sustentada, o que acontecerá é que não estaremos em condições de prosseguir o nosso caminho sem mais financiamento, sem um segundo programa que garante ao país os meios que ele precisa", declarou, em Bragança.
A intervenção do líder socialista arrancou com dois “assuntos da maior importância”. Referindo-se à iminência de uma intervenção militar externa na Síria, Seguro assumiu que o PS se iria opor “a qualquer iniciativa militar sem um mandato legal aprovado no plano multilateral”.
Apesar de reconhecer que a utilização de armas químicas devia ser “punido de forma clara e legal”, definiu a “urgência de uma solução diplomática”, invocando a recordação do que “aconteceu há uma década com a intervenção no Iraque, com consequências que perduram até hoje”.
E depois prometeu para mais tarde uma avaliação crítica ao que estava a acontecer no combate aos incêndios. Sendo este o momento “do combate aos incêndios” e de “expressar solidariedade” pelos bombeiros mortos e populações afectadas pela calamidade, Seguro prometeu para mais tarde a análise dos “motivos destas mortes [de bombeiros] e das falhas na prevenção e no combate e meios aplicados” nas florestas portuguesas.