Seguro promete liderar primeiro Governo do século que não aumenta impostos

PS apresentou linhas orientadoras do programa eleitoral com 80 compromissos para debater com a sociedade

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Pedro Elias

O secretário-geral do PS tentou neste sábado marcar a diferença em relação ao passado, incluindo anteriores executivos socialistas. Na apresentação do seu Contrato para a Confiança — o rascunho de programa eleitoral para as legislativas — divulgado na Convenção Novo Rumo que juntou, segundo a organização, 1500 pessoas em Lisboa, António José Seguro assumiu a “garantia” de que não vai aumentar a carga fiscal. “Parece pouco, bem sei. Mas será a primeira vez que um Governo empossado neste século não aumentará a carga fiscal”. Repetiu a frase três vezes. "Os portugueses estão sobrecarregados de impostos. Fizemos as contas. Não aumentaremos os impostos", insistiu.

Este foi um dos 15 “compromissos” que o líder socialista escolheu destacar dos 80 contidos no documento programático.  E culminou uma série de promessas relativas aos impostos, onde o socialista anunciou a reposição com o objectivo de “recuperar o rendimento dos portugueses” (ver texto ao lado).  

Para além do elenco de medidas anunciadas, a Convenção serviu também para marcar a diferença em relação a Pedro Passos Coelho. “Nunca como hoje foram tão profundas e tão evidentes as diferenças entre o PS e o PSD”, sustentou, defendendo depois uma “mudança” até “na forma de fazer política”. Sem mentiras e assumindo que para o PS o voto não era um “cheque em branco”.

As “contas públicas” também foram referidas, embora não tenham tido referência tão extensa no discurso de encerramento. Seguro garantiu que não iria facilitar e que os socialistas seriam “rigorosos na gestão e determinados na disciplina orçamental”. Que as políticas públicas de um governo por si liderado passariam a ser “subordinadas ao crivo da sustentabilidade”. Mas depois retomou a ideia de que a “consolidação” não podia ser feita a qualquer custo. Reafirmou a “necessidade de renegociarmos as condições da dívida pública” do país.

A intervenção de Seguro foi aplaudida por mais de uma vez pela assistência, onde o PS sentou antigos secretários-gerais, ministros e um antigo Presidente da República. Ferro Rodrigues e Jorge Sampaio testemunharam o momento em que a sala se levantou quando Seguro perguntou se era hora de “mudar” e depois apelou ao voto. “Quanto mais votos tiver o PS, maior será a derrota do Governo e maior será a mudança”, gritou.

A faltar na assistência ficaram o fundador Mário Soares e o antecessor de Seguro, José Sócrates. Mas compareceram Manuel Alegre e António Costa, ambos para discursar e assumirem o apoio ao actual líder.

Ao longo da tarde foram-se sucedendo intervenções de independentes e dirigentes socialistas que serviram diferentes propósitos.

Ao ex-comissário europeu António Vitorino coube o papel do transmissor da mensagem subliminar. De forma subtil, defendeu a candidatura de António Guterres à Presidência da República. Falou de um “novo ciclo” que se inauguraria com as europeias, continuaria com as legislativas e culminaria em Belém com a eleição de um "verdadeiro Presidente da República". "Bom, mas aqui, aqui eu não digo o nome porque acho que todos sabem em quem estou a pensar", rematou.

Por seu turno, o presidente da câmara de Lisboa serviu de franco-atirador sobre o Governo. Com uma violenta dose de ironia, recorreu à publicidade de um banco para comparar o executivo à "Dona Inércia". "Longe do virtuosismo de Cristiano Ronaldo, este é mesmo o Governo da Dona Inércia. Por ser o Governo da Dona Inércia, é que só se preocupa com a taxa de juro, julgando como a pobre da Dona Inércia que, tendo a mesmo taxa de juro do Ronaldo, ganha o mesmo que o Ronaldo", atirou.

Alegre serviu o propósito de dizer uma ou outra verdade “politicamente incorrecta”. Afirmou-se contra a instalação de federalismo à imagem do norte-americano. E atirou-se aos tratados que tinham descaracterizado a União Europeia. E depois fez uma violenta crítica aos tratados europeus de Maastricht e Lisboa, exigindo a Seguro que lutasse “contra tudo e todos” na Europa. Acusou o tratado negociado por José Sócrates de ter alterado o equilíbrio de poderes a favor dos países grandes. "Se Portugal e a Grécia mantivessem o poder de veto nunca estariam na situação em que estão agora”, rematou.

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