Seguro intervém no processo eleitoral da concelhia do PS da Trofa

Militantes acusam presidente da distrital do Porto pelo clima de mal-estar que se vive no partido a Norte.

O secretário-geral do PS, António José Seguro, chamou a si o processo das eleições para a concelhia do partido na Trofa, cuja impugnação foi solicitada por um grupo de militantes.

Uma delegação de militantes do PS afectos à lista B, liderada por Mário Mourão, que foi impedido de se candidatar, reuniu-se neste sábado, num hotel do Porto, com o líder dos socialistas. Militantes acusam o presidente da distrital do Porto pelo clima de mal-estar que se vive no partido a Norte.

Realizadas no passado dia 7 de Dezembro, as eleições nesta concelhia decorreram de uma “forma ilegal”, segundo Mário Mourão, que exige a anulação do acto eleitoral e a convocação de novas eleições na Trofa.

No rescaldo das eleições, os apoiantes da lista B remeteram para o Tribunal Constitucional uma queixa na qual assinalam as “ilegalidades” cometidas em todo o processo naquela concelhia e explicam que “um número significativo de militantes [160] que tinham as quotas em dia e que gozavam de todo o direito regulamentar ao voto, foram impedidos de votar porque não constavam dos cadernos eleitorais”.

Indignados com a forma como o líder da distrital do PS/Porto, José Luís Carneiro, conduziu e se envolveu as nas eleições em algumas concelhias, designadamente no Porto e na Trofa, os apoiantes da lista B “Projecto para Ganhar” ameaçaram concentrar-se, sexta-feira à noite, junto ao Pavilhão Multiusos, em Gondomar, para onde estava marcado um jantar de Natal com militantes, promovido pela distrital do Porto, onde foram notadas as ausências de vários dirigentes do partido, designadamente do líder da concelhia do Porto, Manuel Pizarro.

Os militantes da Trofa só aceitaram desconvocar a “recepção” a Seguro, porque o secretário-geral aceitou encontrar-se hoje com um grupo de militantes.

Ao PÚBLICO, Mário Mourão disse que o líder do partido ouviu com atenção “as razões que nos levaram a tomar as medidas que tomamos, entre as quais remeter o processo para o Tribunal Constitucional”.

“A indignação que se vive no PS/Porto é da responsabilidade do presidente da federação distrital, que não tratou da mesma forma os processos eleitorais no distrito. Há militantes do Porto que pagaram [com cheque] quotas em atraso em Amarante e noutras concelhias”, declarou. Mourão revelou que na Trofa “houve militantes que entregaram declarações individuais que explicavam que tinham autorizado o pagamento de quotas e que depois não foram autorizados a votar porque os seus nomes não estavam nos cadernos eleitorais”. “Isto aconteceu porque a distrital é presidida por um líder de facção e não por um líder agregador”, acusa.

O encontro com o líder do partido, que decorreu num hotel do Porto, ajudou a serenar os ânimos, mas o ambiente no PS a Norte está longe de estar pacificado e se os órgãos do partido não decidirem no sentido de repetir o acto eleitoral na concelhia da Trofa as relações podem deteriorar-se ainda mais.

“O distrito do Porto está a ferro e fogo”, comenta ainda Mário Mourão, mencionando o “mal-estar” existente nas hostes socialistas do Porto, em Matosinhos, na Trofa e em outras concelhias”. Nas contas daquele militante, as recentes eleições concelhias, que ficam marcadas pelo pagamento em massa de quotas em atraso a militantes, deram origem a 30 queixas na jurisdição do partido.

Salvaguardando que “nada disto põe em causa o apoio ao secretário-geral do PS”, Mário Mourão acredita que com a “intervenção de António José Seguro os órgãos do partido vão funcionar”. Já para José Luís Carneiro, deixa uma certeza: “Precisamos de começar a pensar numa alternativa ao actual líder federativo, o grande responsável por tudo o que está acontecer no PS no distrito do Porto”. E um aviso: “Os militantes da Trofa não excluem a possibilidade se indignarem na próxima reunião da comissão política distrital do PS”.

 

 

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