Seguro faz críticas à Europa e volta a reclamar que o PS “tinha razão”

Líderes europeus são “gente egoísta”, lamenta o secretário-geral socialista no primeiro dia de apresentação da moção que vai levar ao próximo congresso.

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Passos terá mais tempo "porque falhou", argumentou Seguro Enric Vives-Rubio

O primeiro dia do périplo do secretário-geral do PS pelo país para apresentar a moção com que se candidata à reeleição no cargo foi dominado pela Europa. De tarde, com jovens, em Braga, e, à noite, com militantes do partido, em Famalicão, António José Seguro exigiu um papel mais activo da União Europeia (UE) na solução da crise e dirigiu críticas aos líderes europeus “egoístas”, lembrando que estes fazem parte da mesma família política do primeiro-ministro.

“Há um ano e meio, no congresso de Braga, tínhamos no nosso discurso político que a UE devia dar o seu contributo para a resolução da crise”, lembrou Seguro, ontem à noite em Famalicão, reclamando que hoje há no país “um consenso” em torno dessa ideia que os socialistas vêm reclamando sob a sua liderança. Na sessão que serviu para apresentar a moção "Portugal tem Futuro", o líder socialista insistiu numa tónica que vem sendo habitual no seu discurso recente: reclamar a “razão” do PS nas propostas de combate à crise.

“Nós sempre resistimos e sempre dissemos que havia um caminho alternativo. Uma das nossas prioridades continua a ser o crescimento económico e o emprego. Porque um país que empobrece não resolve um problema, só soma problemas aos que já existem”, sustentou António José Seguro. Pelo contrário, o caminho do governo “é o do empobrecimento”, lamenta, e se o primeiro-ministro “continuar com a mesma política, a realidade vai desmenti-lo sempre”.

Antes do encontro com militantes em Famalicão, Seguro esteve reunido com jovens do distrito de Braga, respondo às questões que lhe foram colocadas. A sessão foi igualmente dominada pelos temas europeus. O socialista não poupou os líderes europeus aos ataques, classificando-os de “gente egoísta”, e defendeu que são necessárias soluções comuns para enfrentar os problemas do projecto europeu. “Precisamos de uma Europa que tenha competências para resolver os problemas, não os nossos, mas os que cada país individualmente não consegue resolver sozinho”, avisa António José Seguro.

Mas tal como na sessão da noite, o socialista aproveitou para endereçar críticas ao Governo. O líder do PS considerava “impensável” ouvir um primeiro-ministro fazer aquilo que Pedro Passo Coelho fez há poucos dias: defender a redução do salário mínimo nacional. O primeiro-ministro “revela falta de sensibilidade social”, criticou.

Passos Coelho “agora vai ter mais tempo, mas não foi porque fez as coisas bem feitas, foi porque falhou”, apontou. O tempo a mais que Portugal possa vir a ter para cumprir as metas acordadas com os credores internacionais devia ser usado para corrigir esses erros, defende o secretário-geral do PS, que diz, porém, não acreditar nessa possibilidade, porque “quem manda na Europa são líderes políticos da mesma família política”.
 
 

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