Bloco acusa Governo de criar “McEmpregos com McSalários”

A crise agravou o número de casos. Em Portugal, há um milhão de diabéticos

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"m resgate que é preciso fazer é o da democracia e o da política." João Cordeiro

São mais de 500 mil desempregados desde a entrada da troika e o Governo o que faz? Aposta na precariedade laboral e cria “McEmpregos com McSalários”. A resposta foi dada esta quarta-feira à tarde por Marisa Matias, depois de uma visita ao Centro de Formação Profissional do Seixal por onde passam cerca 13.000 formandos por ano. Um número que não entra nas estatísticas oficiais do desemprego.

“Mais 500 mil desempregados em Portugal desde a entrada da troika - o desemprego é, de facto, o principal problema que nós enfrentamos”, começou por afirmar a cabeça de lista do BE às eleições europeias de domingo. Logo de seguida, passaria ao ataque ao ministro Pedro Mota Soares, depois do anúncio de 600 postos de trabalho na multinacional McDonald’s.

“Ainda ontem ouvimos o ministro assinar um protocolo com a McDonald’s para criar 600 postos de trabalho. O Governo que fala em não querer baixar empregos é aquele que, em vez de emprego qualificado, está a criar ‘McEmpregos com McSalários”, afirmou.

Com o pé no acelerador de um simulador de avarias, Marisa Matias ironizou que a máquina “dava muito jeito a muita gente”. Até ao próprio BE: “É mesmo o que nós precisamos, mais uma ajuda para ultrapassar a direita.” Na visita, acompanhada do número dois da lista do BE ao Parlamento Europeu, João Lavinha, do sindicalista António Chora, da AutoEuropa, e de Mariana Aiveca, deputada eleita pelo distrito de Setúbal, uma das conversas que teve foi com o formando João Cerejo, 41 anos, “com uma bebé de 19 meses em casa”.

“O meu pai ensinou-me assim: se um amigo precisar de uma camisola... nem que eu tire a minha”, disse-lhe o trabalhador às voltas com uma mota. Marisa Matias concordou, mas fê-lo pensar: “Pois, mas o problema é que estamos todos a tirar a camisola em nome de quem já tem muita roupa.”

Depois da visita onde ouviu várias histórias de alguns dos 1000 formandos que passam pelo centro de formação - 90% dos quais desempregados – Marisa acusou o executivo de promover uma política de baixos salários. “Ao contrário do que o Governo tem dito, de que não queria uma política de baixos salários e queria promover o emprego, aqui nós temos verdadeiramente o exemplo do que é que está a acontecer: cada vez mais formandos e cada vez mais desemprego em Portugal”, disse.

 

"Se a diabetes fosse um país seria o terceiro maior do mundo"

Marisa Matias, que a última vez que mediu tinha "uma glicémia espectacular", dedicou a agenda de campanha desta quarta-feira de manhã a uma visita à Associação Protectora dos Diabéticos Portugueses. A cabeça de lista do BE ao Parlamento Europeu, que foi redactora em Bruxelas de uma iniciativa legislativa sobre a doença, culpou a crise pelo aumento do número de casos de doentes nos últimos três anos.

"Se a diabetes fosse um país, era o terceiro maior do mundo depois da China e da Índia", disse a eurodeputada, depois de informações dadas por José Manuel Boavida, director do Programa Nacional para a Diabetes.

Segundo a associação de diabéticos, todos os números são, aliás, alarmantes. Em Portugal, 12% da população é afectada, um milhão de pessoas, com a probabilidade de a doença duplicar nos próximos seis anos. Estamos a falar de 20 novos casos por dia, 60 mil por ano, que podiam ser reduzidos em 60% se houvesse prevenção nos chamados grupos de risco.

Marisa encontra culpados para estes dados fornecidos pela associação: "Houve um corte [nas verbas para prevenção] nos três anos de troika na ordem dos 40%." Um ciclo vicioso em que "a principal causa de morte em Portugal são as doenças cardiovasculares e a principal causa das doenças cardiovasculares é a diabetes".

A candidata do Bloco, acompanhada do número dois da lista, João Lavinha, ouviu atenta a preocupação com o aumento de casos e pediu explicações sobre o impacto da diabetes no Serviço Nacional de Saúde. "Custa 10%", segundo José Manuel Boavida.

No final da visita, em que foi presenteada com um livro com 37 depoimentos de jovens e com uma fotobiografia de Ernesto Roma, fundador da associação, Marisa defendeu que "há uma margem de manobra muito grande para reduzir esta pandemia".

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