Santana Lopes fica na Misericórdia, salvo circunstâncias excepcionais

O ex-autarca de Lisboa assume que hoje “está mais velho, cansado” e não percebe por que razão Marques Mendes o considera o melhor candidato

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Santana Lopes é provedor da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa durante mais dois anos e meio Daniel Rocha

O último debate entre António Vitorino e Pedro Santana Lopes, na SIC Notícias, serviu para o social-democrata comentar as notícias sobre a sua suposta indecisão em relação a entrar ou não entrar na corrida à Câmara de Lisboa, em 2017. “Já disse qual é a minha orientação: ficar na Misericórdia.”

O autarca, que em 2001 ganhou a câmara da capital aos socialistas, explicou: “Tenho um mandato de três anos e ainda faltam dois anos e meio. Essa é a minha orientação. A decisão está tomada, é esta.” Mas, como sempre, Santana acrescentou uma nuance que deixa tudo em aberto: “Salvo circunstâncias excepcionais que nós nunca podemos prever na vida...”

Santana também falou sobre timing, para dar a entender que não deve haver pressa em fechar esse dossier. “Em 2001, quando fui candidato, a decisão foi tomada em Fevereiro do ano das eleições e fui para o terreno em Maio. Estamos em Agosto de ano anterior às eleições”, sublinhou, sem querer condicionar o PSD. “O PSD fica livre para ter outro candidato, escolher o seu calendário. Para mim, este não é o tempo para essas decisões, que fique claro. E se a dr.ª Assunção Cristas quiser avançar, para mim tudo bem.”

Estava dado o mote para falar de uma eventual coligação com o CDS em Lisboa, o tema que atormenta os sociais-democratas. “O PSD apoiar o líder do CDS em Lisboa aconteceu com o eng. Nuno Abecassis, mas eram outros tempos. O CDS era o principal partido em Lisboa, na altura. Hoje em dia não é, nem pouco mais ou menos”, lembrou, para assumir que “num tempo em que estão os dois na oposição, o PSD entregar a principal corrida política ao CDS-PP era algo complicado”.

A propósito da actual gestão da câmara, o ex-primeiro-ministro lamentou que o PSD não esteja a fazer oposição. “Onde é que está o PSD na câmara? Por acaso também faço a mesma pergunta”, avançou. Não foi a única farpa. A seguir espantou-se de agora ouvir Marques Mendes dizer, na SIC, que ele [Santana Lopes] seria uma boa aposta, depois de em 2005 não ter defendido essa ideia.

Falando para Clara de Sousa, a jornalista que moderava o programa Edição da Noite, sugeriu: “Há-de perguntar-lhe porque é que ele agora defende que eu devia ser candidato. Foi ele que não quis que eu fosse candidato em 2005. Eu era presidente da Câmara de Lisboa. Agora sim, passados dez anos, estou mais velho, cansado, um has been e sou o melhor candidato de longe? Gostava de saber porque é que ele mudou de opinião.” A resposta veio de António Vitorino, seu parceiro de comentário. “Há sempre um tempo para uma estrada de Damasco”, disse o socialista.

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