Santana atribui queda do seu Governo a “conjugação de interesses”

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Santana Lopes foi primeiro-ministro no segundo semestre de 2004 Tiago Petinga/Lusa (arquivo)

O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes atribuiu hoje a sua demissão, há dois anos, a “uma conjugação objectiva de interesses de diferentes origens partidárias” e considerou que Cavaco Silva “foi um protagonista importante” neste período político.

A revelação do ex-líder do PSD foi feita na apresentação, hoje em Lisboa, do seu livro “Percepções e Realidade”, que recusou tratar-se de “um ajuste de contas” com quer que seja, nomeadamente o Presidente da República (Jorge Sampaio) que, em 2004, decidiu demiti-lo e antecipar as eleições que viriam a ser ganhas pelo PS com maioria absoluta.

Pedro Santana Lopes, segundo disse na apresentação, aborda “os factos” da crise política que ditou a queda do seu Governo, desde o dia em que o então primeiro-ministro Durão Barroso primeiro lhe falou da possibilidade de vir a ser presidente da Comissão Europeia, em Junho de 2004, até à queda do executivo que liderou, em Novembro de 2004.

Sem entrar em pormenores, o antigo primeiro-ministro recusou que tivesse havido “uma conspiração absurda” para derrubar o seu Governo PSD-CDS, mas notou que entretanto alguns dos protagonistas dessa crise “foram eleitos para altos cargos”.

À pergunta dos jornalistas sobre se estava a referir-se ao actual Presidente da República e ex-líder do PSD, Cavaco Silva, Santana Lopes afirmou que fala do assunto na obra, e deixou apenas escapar uma frase: “O Presidente da República foi um protagonista muito importante neste período.”

Passados dois anos sobre os acontecimentos, Santana Lopes considerou que Jorge Sampaio “não tinha motivos” para demitir o seu executivo e que, ao fazê-lo, “fez mal” ao país.

Na cerimónia de apresentação do livro, no Grémio Literário, em Lisboa, não esteve presente nenhum dos seus ministros ou dirigentes do PSD – a seu lado esteve apenas a editora da obra, a deputada social-democrata Zita Seabra, da Aletheia Editores, que prevê que o livro “vai ser um ‘best-seller’“.

Numa concorrida conferência de imprensa, Pedro Santana Lopes afirmou que, “por certo, haverá polémica com o livro” e que só dará mais explicações sobre os episódios concretos da crise política de 2004 “depois de as pessoas lerem o livro”.

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