Sampaio muito apreensivo com o que se passa em Portugal

Os líderes históricos do PS têm assumido posições cautelosas em relação à detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates. Rui Rio apela a uma reforma do regime.

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Jorge Sampaio regressa ao Grupo de Arraiolos, que fundou quando era Presidente da República Daniel Rocha

O ex-presidente da República Jorge Sampaio escusou-se esta quinta-feira a comentar a detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates, dizendo apenas que está “muito apreensivo” com a situação do país.

Jorge Sampaio falava à agência Lusa à margem da conferência “Mediterrâneo. A última fronteira”, que decorre, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Questionado sobre a detenção do ex-primeiro-ministro socialista, Jorge Sampaio comentou apenas que está “muito apreensivo com o que se passa em Portugal”.

Da mesma forma, o ex-candidato presidencial Manuel Alegre afirmou apenas à agência Lusa que estará presente no Congresso Nacional do PS, que se realiza sábado e domingo, em Lisboa, e que aí fará uma intervenção de carácter político.

Manuel Alegre, membro do Conselho de Estado, tem até agora mantido o silêncio quer sobre as circunstâncias da detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates na sexta-feira à noite, à chegada ao aeroporto de Lisboa, quer sobre a decisão do juiz de instrução Carlos Alexandre de aplicar prisão preventiva a Sócrates por indícios de crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

O dirigente histórico socialista tem-se recusado a comentar este caso, mas adiantou à Lusa que irá discursar no congresso do PS.

Rio: Portugal com a reputação em baixa
<_o3a_p>Mais lacónico, Rui Rio aludiu também aos casos judiciais que abalam o país. O ex-autarca do Porto assinalou que a reputação internacional de Portugal está actualmente "num dos pontos mais baixos" e defendeu ser necessária uma "reforma do regime" que dê mais credibilidade e força ao poder político.

"Estamos num dos pontos mais baixos dessa reputação internacional. Ninguém pode olhar para este país, pelas mais diversas circunstâncias, e considerar que a reputação está no auge", frisou o social-democrata durante um debate sobre a reforma do IRS e da fiscalidade verde a decorrer no Porto.

Aos jornalistas, acrescentou que "aquilo que tem acontecido em Portugal nos últimos anos, nos últimos meses, semanas e dias, tudo somado não pode dar uma boa imagem de Portugal no estrangeiro".

Durante a sua intervenção frisou que o atual regime político "tem fim" e que a sociedade portuguesa deve "arranjar formas" de o revitalizar "sob pena de a democracia se perder para sempre".

"O que temos que fazer é uma reforma no regime que dê ao poder político a credibilidade e a força necessárias para poder impor o seu programa, (...) defender o interesse público e não sucumbir ou não ficar impotente perante interesses corporativos ou sectoriais que hoje têm uma dimensão enorme e que acabam por conduzir o país para uma situação destas", sustentou.

Rui Rio disse mesmo: "Estamos a eleger uns actores que não são mais do que isso, o verdadeiro poder não está naqueles que elegemos".

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