Sampaio da Nóvoa lidera gabinete da Universidade de Lisboa sobre políticas públicas

Universidade diz que tem o "dever de ajudar o país a ultrapassar a grave crise em que se encontra". Sampaio da Nóvoa colaborou com António José Seguro e agora apoia António Costa.

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Sampaio da Nóvoa é já visto como presidenciável Daniel Rocha

O reitor honorário da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, vai ser o director da iniciativa Políticas Públicas daquela instituição, que terá como objectivo organizar conferências sobre as políticas públicas e dinamizar projectos e eventos que estreitem a relação entre aquela universidade e a sociedade.

Sampaio da Nóvoa participou no último congresso do PS como independente mas fez levantar a assistência com um discurso catalisador, ajudou António Costa a preparar o seu Contrato de Confiança com que se candidatou às primárias socialistas e foi um dos coordenadores do movimento Novo Rumo para Portugal, de António José Seguro, que serviu para ajudar a preparar as linhas de orientação estratégica para um Governo socialista, que o ex-secretário-geral baptizou de Contrato de Confiança.

De acordo com um despacho do reitor da Universidade de Lisboa publicado em Diário da República sobre a nomeação do director da iniciativa Políticas Públicas ULisboa, Sampaio da Nóvoa passa a exercer funções em regime de “dedicação exclusiva, ficando dispensado da prestação de qualquer outro serviço, pelo período de um ano”.

Apesar de publicado esta quarta-feira, o despacho assinado por António Cruz Serra está datado de 1 de Setembro. O que significa que quando subiu ao palco socialista, há duas semanas, na FIL, Sampaio da Nóvoa já estava à frente da iniciativa Políticas Públicas. E que a sua dedicação exclusiva em termos académicos a este projecto terminará poucas semanas antes das legislativas do Outono de 2015.

A iniciativa Políticas Públicas irá organizar, descreve-se no despacho, “debates públicos centrados em temáticas relacionadas com as políticas públicas”; propor “projectos que dinamizem o desenvolvimento social e económico do país” através da colaboração com entidades públicas, empresariais, não-governamentais e associativas; “propor acções que aprofundem a relação da Universidade de Lisboa com a sociedade, contribuindo para enriquecer a vida cultural, artística, científica e social do país e para projectar externamente a imagem” da instituição.

“A Universidade de Lisboa é muito mais do que o lugar onde se aprendem saberes, fazeres e atitudes, deve ser também um pólo de dinamização da sociedade”, defende o reitor António Cruz Serra no seu despacho. Argumentando ainda que “a maior universidade portuguesa tem a capacidade e o dever de ajudar o país a ultrapassar a grave crise em que se encontra”. E que tem que “intervir de forma autónoma na análise, discussão e proposta de políticas públicas eficazes, agregadoras e promotoras do desenvolvimento de Portugal”.

Sampaio da Nóvoa ganhou espaço na cena política na sequência de um discurso inflamado e mobilizador no 10 de Junho de 2012, enquanto presidente da comissão organizadora das comemorações. Na altura defendeu, por exemplo, que Portugal precisa de “alternativas” e que o futuro “está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento”, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento”. E citou o escritor Manuel Laranjeira proclamando: “Ou nos salvamos a nós ou ninguém nos salva”.

Desde então tem estado assiduamente em iniciativas do PS e entrou para a lista dos presidenciáveis enquanto personalidade com algum cunho de independente. No último congresso do PS, porém, acabou por falar como um verdadeiro socialista. De cravo na mão no púlpito, no centro do palco, falou do novo tempo de António Costa à frente do PS como “o nosso tempo”, o “tempo de mudar Portugal”, em que apelou: “Todos devem estar presentes”.

Há dois meses, quando questionado numa entrevista ao Jornal de Negócios sobre a possibilidade de vir a ser candidato a um cargo político, Sampaio da Nóvoa admitiu: “Sinto que quando chegamos a um determinado momento das nossas vidas, e se pudermos ajudar em certas coisas, temos a obrigação de o fazer.” E acrescentou: “Não sou candidato a nada, não quero nada, não tenho nenhum interesse. Mas estou disposto a participar. Seja em que lugar for.”

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